Mesmo após registrar queda de 28,30% no dia 09 de março, as ações da Petrobras continuam interessantes para a composição de um portfólio de longo prazo. Acreditamos que a nova gestão da empresa é assertiva e que, no longo prazo, a estatal conseguirá atingir suas metas, apesar da volatilidade no curto prazo.
O fato é que ainda não sabemos qual a real dimensão do choque atual. A Rússia afirmou que consegue conviver por seis anos com o preço do Brent por volta de US$ 30. Porém, ainda é cedo para tomar as decisões recentes como concretas.
Para começar, dois fatores atrapalha a companhia, especialmente no plano operacional:
No 4T19, a estatal avançou na exploração e produção de óleo e gás natural, com um Brent médio de US$ 63,25. A forte queda no preço do barril, caso seja prolongada, pode forçar a Petrobras a acelerar a produção. Porém, um aumento na produção elevaria os custos de exploração e produção. Além disso, isso iria contra a otimização do portfólio proferida atualmente.
A Petrobras firmou, no guindance 20-24, que o foco continua sendo a otimização da companhia e a venda de ativos, seguindo a linha de desinvestimentos. Tal linha de pensamento fez a estatal diminuir seu lifting cost trimestral, e essa estratégia não pode ser abandonada por conta de uma situação cuja potência ainda não está clara.
No entanto, um impacto pode ser sentido no futuro. A Petrobras mudou sua política de dividendos em agosto para conseguir, a partir do segundo semestre de 2021, retomar o pagamento de dividendos de forma mais agressiva. É possível que, caso os preços do Brent continuem baixos, tal condição de efetuar esses pagamentos seja adiada.
Ainda é muito cedo para se posicionar de maneira definitiva. O melhor é esperar os ânimos se acalmarem.
A Petrobras evoluiu bastante em gestão de crises e vem adotando postura parecida com as duas últimas ocasiões envolvendo o preço do barril:
Em ambas as situações, a estatal esperou para seguir um tracejado mais definido. Por isso, ao que tudo indica, tal estratégia será seguida agora também.
O mercado financeiro teve um dia bastante agitado devido a uma disputa entre Rússia e Arábia Saudita. Isso sinalizou um aumento na produção de petróleo para elevar sua participação no mercado. Para isso, os sauditas anunciaram cortes de até 20% no preço do petróleo bruto, o que agitou o mercado financeiro. A Bolsa registrou queda de 10%, e as ações da Petrobras despencaram e fecharam em queda de 28,30%.
Para conter os ânimos dos investidores, foi acionado o mecanismo circuit breaker, que é quando as operações de compra e venda de ações na Bolsa de Valores são interrompidas.
(Time de Research da Ativa Investimentos)