No Palavra do Especialista de hoje, voltaremos a abordar o tema energia elétrica. Especificamente, exploraremos as bandeiras tarifárias. Além disso, anunciaremos a nossa mudança na projeção do IPCA fechado de 2021.
Como se sabe, o sistema de bandeiras tarifárias foi criado para que as distribuidoras de energia elétrica tivessem seus caixas ressarcidos por custos extras ao longo do ciclo anual (marcado pelos aniversários de reajustes), ocasionados pela compra de energia elétrica de fontes mais caras, em especial termoelétricas.
Esse recurso extraordinário vem de uma cobrança a mais do consumidor final. Para definir tais encargos, as bandeiras são divididas em 4 faixas. Começando pelo patamar verde, onde não há cobrança extra, amarelo, +R$1,343/100kWh, vermelho 1, +R$4,169/100kWh, e vermelho 2, +R$6,243/100kWh.
Sobre os reservatórios, na primeira quinzena de junhoos níveis brasileiros apresentaram tendência distinta nas regiões. Contudo, tudo se encaminha para um período de seca maior que o previsto.
A região norte que apresentou estabilidade no período em 84,47% da capacidade, enquanto na região Sul, a situação melhorou marginalmente e no momento encontra-se em patamar superior a 2020, mas abaixo do nível de 2019, com 60,31% da capacidade.
A região Nordeste segue caindo, mas ainda apresenta patamar superior a sua média histórica. Já o subsistema Sudeste/Centro-Oeste, apesar de ser menor representativo no âmbito nacional, segue sendo o destaque negativo com 30,82%, muito abaixo do esperado para o período.
Perceba que independente da região existe uma sazonalidade onde o período é historicamente mais chuvoso (entre janeiro e março), contudo, os níveis que já não estão performando de maneira adequada para essa época do ano, não devem demonstrar sinais de melhora no decorrer deste, denotando a necessidade de utilização de térmicas mesmo quando o regime hídrico é mais favorável.
Assim, analisando os gráficos acima,estimamos que mesmo que chuvoso, a recuperação dos reservatórios em dezembro não será suficiente para que saiamos da bandeira vermelha 2, anteriormente em patamar vermelha 1. Vale destacar que já prevíamos a bandeira vermelha 2 para o todos os meses no restante do ano até novembro, sendo incorporado a dezembro neste momento.
Não obstante, vale lembrar que o gatilho para a ativação do sistema é relativamente simples. Pauta-se em dois parâmetros: o preço de energia (PLD) e nível de utilização da energia barata (GSF).Baseado no percentual da garantia física que é proveniente da geração hídrica, encontra-se a faixa no qual o PLD será alocado, definindo a bandeira.
Adicionalmente, segundo dados da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), o GSF está e deve permanecer abaixo dos 60 o ano inteiro, onde nesse caso, é automaticamente alocado na bandeira tarifária de maior patamar (Vermelha 2).
Por fim, como exposto, a crescente chance da seca ser mais persistente e vigorar até o final do ano, optamos por elevar nossa projeção do patamar vermelha 2 para todos os meses restantes 2021.Com isso nossa projeção de IPCA de 2021 passa de 5,3% para 5,7%.