(Por Ilan Arbetman, analista Research da Ativa Investimentos)
Presenciamos uma escalada do Ibovespa nos últimos dias. De maio até agora, o Ibovespa angariou mais de 15 mil pontos e bateu recordes. Nesse sentido, inúmeros investidores, ao verem seus ínfimos rendimentos na renda fixa, se perguntam: e agora? Será que é hora de investir na bolsa?
Por mais conservador que um investidor seja, a reticência não pode ser considerada medo. É um fato. O Brasil era o país da renda fixa, em que a Selic sempre garantiu um excelente rendimento e restringia o apetite pelo Ibovespa.
Também pudera. Pouco antes dos anos 2000, a taxa de juros básica nacional estava em mais de 45% ao ano. Em 2010, rodeava 15% ao ano, o que ainda garantia um excelente rendimento, e sem maiores preocupações.
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Quando vencíamos a crise global e o movimento parecia mudar, entramos em um dilema maior ainda: a eterna crise existencial brasileira. Neste interstício, continuamos vendo a renda fixa imperando e arrefecendo o desejo do investidor.
Portanto, ao falarmos do conservadorismo do brasileiro, ao recebermos informações que a grande maioria ainda pensa em poupança como investimento, precisamos ter na cabeça que este é um hábito entranhado no eu-lírico nacional. Por mais “bossa-nova” que seja, esse hábito impera há pelo menos três décadas por aqui.
Todavia, faz-se preciso mudar. Mais que um hábito ou uma habilidade, a consciência na aplicação precisa urgentemente ser mais difundida e fundamentada ao público nacional. Do menor ao mais ancião dos cidadãos brasileiros, é extremamente saudável que a maior gama de pessoas desenvolva esta consciência.
Estamos chegando num momento em que finalmente encontraremos o rumo das economias desenvolvidas do globo. Isto é, retornos maiores em renda variável que na renda fixa. Nesse sentido, é preciso estar preparado para este movimento, para saber conviver com suas mazelas e nuances.
Nessa seara, mesmo tendo apresentado um sensacional desempenho recente, faz-se necessário ter, com o mercado variável, a mesma diligência que quando escolhíamos taxa de CDB com nossos antigos gerentes.
Em linhas gerais, na bolsa, barganhar significa estudar. Logo, não existe fórmula mágica ou jargão capaz de traduzir um movimento de mercado. Muito menos um “superguru” é capaz de lhe garantir satisfação de forma contínua.
Porém, a notícia positiva é que diante do conhecimento, investidores de longo prazo terão sempre as informações e os números jogando a seu favor.
A consciência e a obtenção de informação confiável são os primeiros passos para o sucesso no mercado variável. Além disso, uma leve inserção neste cenário já habilita desde o mais tradicional investidor brasileiro a constatar oportunidades interessantes mesmo com a recente apreciação da bolsa brasileira.
Setores como o de celulose e energia elétrica, por exemplo, apresentam empresas consolidadas e que, devido a situações mercadológicas, encontram-se em situações diferentes, mas que permitem um estudo interessante. Assim, se pensarmos em capacidade ociosa e no fato que, mesmo com o PIB em queda, o consumo das famílias e o setor de serviços impulsionam o país enquanto a indústria patina, podemos perceber algumas oportunidades nos players de varejo, mesmo alguns se mostrando precificados.
A própria indústria, extremamente pressionada e diante de um parque que necessita de atualização, apresenta players que podem obter valorização caso o país deslanche.
Assim sendo, oportunidades existem, independentemente do patamar do Ibovespa. Se é hora de investir na bolsa? Sim. Também é sempre tempo de estudar e aprender. Talvez, aprender com os erros e continuar empreendendo, estudando, crescendo e acumulando vitórias pessoais e financeiras. Bons investimentos para você!
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