por José Maurício Haddock-Lobo
Após a forte queda do petróleo e derivados, consequência dos eventos no SVB e Credit Suisse, o destaque absoluto dos dados semanais de petróleo divulgado hoje pela EIA (Energy Information Administration), não foi o aumento de 1,1 Mbpd nos estoques privados, mas a queda impressionante dos estoques de gasolina e diesel.
Como podemos ver acima, os estoques da gasolina caíram nas últimas quatro semanas, totalizando uma queda de 10,5 Mb, sendo que na última semana, a queda de 6,4 Mb representam uma queda diária de 915 mbpd.
O mesmo movimento foi visto no diesel, que somou apenas nas duas últimas semanas uma queda de 5,8 Mb ou 5% nos estoques totais de diesel no país.
Como veremos abaixo, adicionando a análise acima a produção (output) das refinarias americanas a situação é muito pior.
Como vemos acima, a produção de derivados pelas refinarias americanas, ou seja, a atual capacidade instalada, não supera o processamento de 21 Mbpd, consequentemente a produção de gasolina e diesel é de certa maneira estável.
Grosso modo, o consumo aparente seria a somas da produção mais a variação do estoque, se os estoques de gasolina caem, com vimos, isso significa que o consumo foi maior que a oferta/produção. Quando o estoque aumenta, significa que o consumo foi menor que a oferta/produção. Em tese, a demanda de gasolina ao longo da semana passada teria sido a soma da produção de 9 Mbpd, mais os 914 mbpd da queda dos estoques. Ou seja, a demanda aparente de gasolina foi de quase 10 Mbpd, muito acima da média.
Considerando a queda dos preços do petróleo e gasolina nos últimos 12 meses e especialmente o descolamento dos preços da gasolina dos preços do petróleo em 2023. Diria que poderemos ver preços de gasolina no verão americano acima dos preços de 2022.
Enquanto o mercado e os bancos ficam histéricos com o SVB e Credit Suisse, o mundo real segue pressionado pelos preços e demanda.
Os dados de PCE, CPI e PPI divulgados entre o final de fevereiro e semana passada, não mostraram uma desaceleração além do esperado e se o preço do petróleo a gasolina tornarem a subir, como em 2022, a pressão sobre os indicadores de inflação aumentará.
Sinceramente, não me atrevo a dizer se o FED vai elevar os juros hoje em 0,25%, mas ele deveria, pois até o mercado, existe muita confusão entre gestão de risco dos bancos menores do USA e crise bancária aguda.