A palavra de especialista de hoje, abordará o resultado da inflação oficial de agosto, e como a pressão nos preços vem colocando a condução de política monetária em situação mais desconfortável que o comum.
Como citado acima, IPCA de agosto nos apresentou uma super surpresa, superando a mais alta das expectativas. A mediana do mercado contava com alta de 0,71%, enquanto nós da Ativa projetávamos 0,70% e o observado foi 0,87%. Como podemos observar no gráfico abaixo, nenhum dos agentes sequer chegou perto do resultado efetivo.
Além disso, podemos observar um avanço além do esperado dos núcleos, o que nos fez reajustar as projeções para o IPCA de 2021 e 2022.
Assim, com o resultado a expectativa de inflação para o ano foi empurrada de 7,5% para 8,2%, decomposto em 20bps de surpresa nessa observação e 50bps de ajuste na dinâmica do último trimestre. Por inércia subimos o IPCA de 2022 de 3,5% para 3,7%.
Já projetávamos que o BC aceleraria o passo da Selic para 125bps na próxima reunião, mesmo antes do IPCA de hoje. As surpresas inflacionárias altistas não contaminaram nossa projeção de IPCA de 2022 anteriormente exatamente por ser combatido por política monetária.
Contudo, para que houvesse a convergência da inflação para a meta em 2022 seria necessária a rápida elevação da Selic para cerca de 10%, exigindo praticamente um choque de juros até o primeiro bimestre de 2022, quando a inflação daquele ano sai do horizonte de política monetária.
Assim, mantivemos a projeção de Selic em 8,5%, ao passo de 125/125 e 75 e optamos por elevar, por inércia, o IPCA de 2022 de 3,5% para 3,7%.
Vale lembrar que nossa perspectiva para PIB já é pessimista, com 2021 fechando em 4,6% e 2022 em apenas 1,6%.
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