Na palavra do especialista de hoje, abordaremos os recentes rumores de que os reajustes de planos de saúde definidos pela Agencia Nacional de Saúde (ANS) poderiam ser negativos esse ano. Precisamente os planos de saúde individuais, exatamente aqueles que afetam o IPCA.
Assim, mediante a tais rumores fomos reproduzir a metodologia de planos de saúde, composta por:
a) Temos a variação das despesas assistenciais;
b) o ganho de eficiência com a elevação do custo médico e a variação da receita por faixa etária.
Vale pontuar que o item b (ganho de eficiência) é um coeficiente de cerca de 8,9%, tabelado pela própria agência para 2019 à 2022, da própria despesa assistencial, com objetivo de subtrair para o repasse das despesas não serem efetuados de forma direta.
Deste modo, consideramos a variação de despesa, já subtraídas do ganho de eficiência e descontadas a variação de receita por faixa etária para chegar a 80% do reajuste de planos de saúde. Os outros 20% refere-se ao IPCA fechado do ano anterior excluindo os planos de saúde (IPCA*).
Com isso, partimos ao site da ANS, a fim de coletar os dados brutos do setor, cujo link se encontra abaixo. De fato, estimamos que a variação de despesas estimada na Ativa investimentos está em -7,8%. Subtraída pela eficiência de -0,7% amplifica o déficit e descontada por 1,6% de variação de receita por faixa etária (igual a 2019 e 2020) culmina em uma taxa de -8,6%. Agregada ao IPCA* chegou-se a um reajuste de -5,9%.
Mensalizando essa taxa, conforme metodologia do IBGE, chegamos a uma variação mensal de -0,51%, que agregado aos 0,66% que foram dados em referência ao ano passado, chegamos a uma variação de 0,15% até o final deste ano.
Muitas ainda são as possibilidades uma vez que há um grau de discricionariedade na tomada de decisão da agência, e diversas interferências judiciais, afetando não apenas a taxa, mas também quando o reajuste será firmado.
De todo modo, apesar das incertezas, colocamos o reajuste a partir de julho, retroativo à maio, conforme o de costume em anos normais, e isso fez com que nossa projeção para o ano convergisse para 4,8%, mas tivesse um degrau maior em julho.
Por fim, dado as premissas apresentadas, se o reajuste de fato ocorrer a partir de maio, nossa projeção para o IPCA de 2021 seria reduzida em 30bps, de 5,1% para 4,8%.