Na palavra do especialista de hoje falaremos sobre como a volta da circulação no período mais flexível da pandemia vêm impactando no IPCA de serviço, e por sua vez, no bolso dos brasileiros.
Atualmente, sofremos com forte alta nos preços em gerais, o que conduziu a inflação acumulada em 12 meses para 10,25%. Mas quais são os verdadeiros motivos? Podemos creditar grande parte da alta observada ao câmbio altamente depreciado (fruto dos descalabros fiscais e baixa perspectiva no avanço das reformas estruturais) e aos problemas de ofertas causados por rupturas na cadeia produtiva, reflexo da pandemia que estamos enfrentando.
Também vale destacar que as comodities em alta, por diversos motivos diferentes, mas quase todas motivadas pela COVID, contribuem fortemente para alta da inflação. Para mitigar a subjetividade, podemos falar dos barris de petróleo e da regulação de produção da OPEP que culminou na oferta menor do barril, e por sua vez, alta nos combustíveis derivados de petróleo. Também vale comentar os problemas oriundos do minério de ferro que envolvem as ações regulatórias da China.
Contudo, nessa coluna, chamamos a atenção para a volta ao normal motivada pelo avanço de vacinação e retorno da mobilidade.
De fato, como podemos observar no gráfico abaixo, a inflação de serviços (peso relevante de 36,3% no IPCA) também vem sofrendo com forte alta nos últimos meses. Não por acaso, a alta coincide com o avanço da vacinação e a maior circulação de pessoas.
O grupo tem por característica ser pouco sensível ao câmbio. Contudo, o avanço está muito ligado a retomada da circulação, e o sentimento de normalidadena vida das pessoas. Como podemos observar no gráfico abaixo, a inflação de serviços subjacentes acumulada em 12 meses já está em patamar superior ao período pré-pandêmico.
Nosso destaque não invalida a pandemia como principal pressionador da inflação no Brasil e no mundo, mas vale chamar a atenção para os serviços para entendermos melhor a importância do grupo e a sua importância no índice de inflação nacional.
Por Guilherme Sousa e Étore Sanchez
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