Nos últimos dias, o setor de varejo de moda esteve no centro do noticiário econômico e negócios no Brasil . No dia 14 de abril, a Hering (#HGTX3) informou que recebeu uma carta da Arezzo (#ARZZ3) com uma proposta não vinculativa para a combinação de negócios.
A proposta foi recusada pelo conselho de administração, com a justificativa de que não atendia aos melhores interesses da companhia nem dos acionistas.
Em seguida, tivemos um movimento por parte das Lojas Renner (#LREN3) anunciando um aumento de capital entre R$ 4,8 bilhões e R$ 6,4 bilhões.
Segundo analistas de varejo, o tamanho da oferta não seria somente para investimento em crescimento orgânico, mas também para possíveis fusões e aquisições. Rumores de mercado dão conta de que a gigante do varejo nacional esteja sondando empresas como a C&A Brasil (#CEAB3), Lojas Marisa (#AMAR3), Le Lis Blanc e Dafiti.
Por fim, na última segunda-feira, o Grupo Soma (#SOMA3) anunciou a aquisição da Hering, passando na frente da Arezzo&Co com uma proposta de R$ 5,1 bilhões – em ações e dinheiro – pelo negócio.
É interessante perceber que o noticiário recente parece ter despertado o interesse dos investidores para um setor que, muito por conta de todo o abalo sofrido durante a pandemia, ficou esquecido, mas não adormecido. Agora, oportunidades de consolidação no setor são vistas de maneira clara.
Comparando com outros países como Reino Unido, México e Espanha, em que o varejo de vestuário tem uma consolidação de cerca de 40%, o setor no Brasil ainda possui um longo caminho pela frente. Atualmente, as cinco maiores companhias brasileiras do segmento – Renner, Guararapes (#GUAR3), C&A, Grupo Soma + Henring e Marisa – respondem por, aproximadamente, 25% do market-share, o que demonstra como o setor ainda é pulverizado.
Entretanto, vale destacar que o desafio imposto pela crise sanitária do Covid-19 pode mudar a cara deste segmento, fortalecendo assim as grandes empresas, que possuem acesso facilitado ao mercado de capitais e já estavam com seus processos de digitalização e desenvolvimento de plataformas de e-commerce mais acelerados no momento em que muitas lojas físicas fecharam por conta da pandemia.
Já os players menores sofreram o duro baque da crise causado pelas medidas de restrições impostas pelos governos estaduais e prefeituras, diminuindo assim sua chance de sobrevivência no pós-pandemia, abrindo oportunidades para uma maior consolidação do setor.
Em resumo, as empresas listadas na Bolsa de Valores sofreram menos do que a economia real e, por conta disso, com a recuperação gradual da economia, encontram-se bem posicionadas e capitalizadas para realizar movimentos de fusões e aquisições.
Em síntese, acredito que os players estão em busca de complementariedade para seus negócios nesse momento de consolidação.
Esse movimento é natural, e a tendência é que continue no longo prazo. A Arezzo&Co e o Grupo Soma foram em busca de uma companhia que atuasse nos segmentos B e C da população.
Já a Hering buscou um parceiro com expertise no canal de vendas online, já que no ano de pandemia, suas vendas digitais representaram apenas 5,6% do total.
Olhando para as Lojas Renner, as notícias sobre a possível aquisição da Dafiti – e-commerce de moda – mostra uma busca pela combinação das lojas físicas com o digital.
Para o investidor fica a dica: o setor de varejo de vestuário deve se beneficiar muito da volta à normalidade, e isso deve impactar positivamente nas ações de grandes companhias do setor.
Além desse movimento de consolidação e da volta do fluxo nas lojas físicas por conta da reabertura da economia, vemos com bons olhos o retorno dos eventos sociais, que devem acelerar uma demanda que esteve reprimida durante a pandemia, movimento que já vem acontecendo em países do exterior, onde o processo de vacinação está mais acelerado.