Choque de carnes e suas perspectivas
No Palavra do Especialista de hoje, falaremos sobre a elevação do preço das carnes, que vem impulsionando o atacado e, consequentemente, o varejo.
Para entender a pressão corrente que os alimentos (e carnes) vêm sofrendo nos últimos meses, temos que compreender que o comportamento destes não é um problema apenas doméstico, e sim global. Primeiramente, temos a desvalorização das moedas emergentes, em especial, o real vem sofrendo mais do que seus pares em função da instabilidade interna.
Deixaremos a desvalorização cambial em si para uma próxima coluna, mas é importante ressaltar que quanto menor o poder da moeda interna, as exportações ficam mais atraentes. Portanto, não só as carnes, mas a soja, o milho, o arroz (frequentemente nos noticiários), e outras commodities ficaram menos disponíveis no mercado interno, gerando uma escassez de oferta que, por sua vez, acabou por acarretar na alta de preços.
Como podemos observar no gráfico abaixo, os preços das carnes começaram a se elevar no início da quarentena. Com a restrição de mobilidade, houve aumento de consumo das famílias durante a pandemia. Fora isso, a demanda por alimentos mais caros foi sustentada, em partes, também, pelo auxílio emergencial. Em outras palavras, todos foram para dentro de suas casas e tiveram a renda sustentada, em alguns casos elevada, com o home office ou programas sociais.
Além disso, falando de carnes especificamente, o clima contribui para a elevação de preços, pois as condições para a pastagem foram prejudicadas, e, por último, a falta de chuva também é um fator que colabora para a elevação de preços.
Em suma, entendemos que as variáveis que pressionaram os preços não permanecerão imutáveis por muito tempo, apesar do forte avanço observado no último IPCA, os motivos acima elencados podem ser classificados como temporários, não ensejando por elevações estruturais, e prescrevendo reversões para próximo de equilíbrios anteriores ao longo de 2021.
Destacamos que não estamos pregando a plena reversão e imediata do nível de preços. Aliás, em nosso cenário de 2020, apontamos apenas para a estabilização do preço de carnes neste ano, com reversão parcial apenas em 2021.
Em nossa última revisão, a nossa projeção acelerou de 2% para 2,4% em 2020, enquanto a perspectiva para 2021 cedeu de 2,6% para 2,4% por reversão do choque citado. Conte sempre com a Ativa. Para sanar quaisquer dúvidas, estamos à disposição. Até o próximo artigo!
Abra sua conta agora
Étore Sanchez