Trump x Biden: uma análise sobre as eleições presidenciais dos EUA
No Palavra do Especialista de hoje, vamos abordar um assunto com grande impacto na vida dos investidores brasileiros: as eleições presidenciais dos EUA. Além disso, vamos falar sobre as principais diferenças entre os dois candidatos, e quais os impactos esperados se cada um deles vencer.
Índice
O sistema eleitoral americano
A eleição à presidência que ocorrerá no dia 3 de novembro e oporá Donald Trump, candidato a reeleição do Partido Republicano, e Joe Biden, ex-vice presidente representando o partido democrata, colocará fim a um processo eleitoral que foi iniciado ainda em 2019.
Assim como ocorre no Brasil, a cada quatro anos as eleições americanas são definidas de forma democrática. Ou seja, no dia da votação, os eleitores vão às urnas e escolhem secretamente os seus candidatos. Contudo, existem duas diferenças fundamentais.
A primeira diferença: o peso do voto
A primeira diferença é o peso do voto, pois ao contrário das eleições brasileiras, as americanas são refletidas de maneira indireta. Em outras palavras, não é a totalidade de votos que elege o candidato, e sim os votos dos eleitores de cada estado que elege os delegados no colégio eleitoral, que por sua vez, representam os eleitores da sua unidade federativa.
Cada estado contribui com um número diferente de delegados, cujo número é igual a soma de seus deputados mais seus senadores no Congresso.
O candidato que atinge a maioria dos votos dos delegados leva todos, em um regime chamado de winner take all, com exceção para Maine e Nebraska onde o regime eleitoral é diferente.
Ao aprofundar o tema, entendemos que mesmo se determinado candidato tenha a maioria absoluta dos votos na nação, como foi o caso de Hilary Clinton na disputa com próprio Trump em 2016, este não tem garantia de vitória, pois o seu concorrente pode derrotá-lo em estados com mais delegados por margem próxima.
Vamos a um exemplo simples: suponha o mesmo regime eleitoral, mas apenas com dois estados. Um estado A teria 60 delegados e 60 milhões de pessoas, e um estado B com 40 delegados e 40 milhões de pessoas. Assim se um candidato ganha no estado A por 31 delegados, ou o equivalente populacional de 31 milhões de pessoas, ele abarcaria os 60 delegados. Entretanto ele perde em 100% no estado B. Ainda assim, mesmo representando 31% da população, este candidato levaria a eleição.
A segunda diferença: o voto facultativo
A segunda e não menos importante diferença é o voto facultativo praticado nos EUA. No dia das eleições, o cidadão americano pode simplesmente deixar de ir às urnas sem a necessidade de uma justificativa. Esta nuance gera uma guerra entre as campanhas, pois é do interesse dos candidatos mobilizar os cidadãos.
Entre outros motivos, os americanos acreditam que o voto facultativo melhora a qualidade do pleito eleitoral, uma vez que participam mais eleitores conscientes e engajados com a causa de seus candidatos.
Não obstante, crê-se que a adoção do voto facultativo inibi algumas práticas corriqueiras no passado, como por exemplo, o popular “voto de cabresto”, quando pessoas, com forte influência, tem amplo poder sobre o eleitorado coagindo-os nas urnas. Adicionalmente, observa-se que tal modalidade de voto é adotada por todos os países desenvolvidos e de tradição democrática.
Trump x Biden: o debate sobre a expectativa de intenção de voto
Se a política de Trump tende a fortalecer o dólar, principalmente mediante no que tange o ambiente de comercio global, em detrimento de moedas emergentes, a vitória de Biden tem potencial reverso.
Donald Trump
Apesar de estar atrás nas pesquisas, Donald Trump ainda é um forte nome a vencer a disputa presidencial, uma vez que ele já reverteu o favoritismo da Hillary Clinton na última eleição.
Se o candidato republicano vencer, existe uma probabilidade maior de continuidade do cenário observado nos últimos anos, ou seja, um maior enfoque na valorização da economia norte-americano ante seus pares. Por consequência, os emergentes continuarão sofrendo com a moeda desvalorizada, assunto esse que já comentei aqui no blog neste outro artigo.
Outro ponto de atenção é a possível intensificação no embate com a China, provavelmente cada vez ainda mais incisivo.
Então, se ocorrer a vitória de Trump, contemplamos um dólar fortalecido ceteris paribus, com possíveis implicações sobre a política monetária. O atual presidente já sinalizou que não há problemas em juros reais negativos, o que poderia gerar uma migração ainda maior dos investidores para o mercado de capitais. Dito isso, podemos observar muitos investidores brasileiros alocando seus capitais no mercado de ações norte-americanas, o contribui para a desvalorização do real.
Joe Biden
Por outro lado, se seu contra ponto triunfar, o representante dos democratas, Joe Biden, a política monetária poderá ser menos acomodatícia.
Todo esse movimento faz parte de um plano em que eleva-se/reverte-se isenções de impostos para financiar novos/outros gastos. Em linhas gerais, a vitória de Biden poderá trazer um EUA menos protecionista e mais voltado para a globalização, que por sua vez, acarretará numa recuperação de outras bolsas e moedas, dado que os ativos da bolsa americana terão sua atratividade mitigada.
Não obstante, com o ambiente menos fértil nos EUA e o cenário global menos aversivo, existe uma propensão do capital sair de lá e buscar maiores rentabilidades em ambientes com melhores oportunidades, o que se torna favorável para os mercados emergentes.
E o que seria melhor para o Brasil?
Por fim, avaliamos que o líquido das propostas econômicas americanas no que tange e afeta o Brasil, tendem a ser mais favoráveis para a vitória de Joe Biden. Isso se dá uma vez que os resultados acima debatidos têm maior efetividade do que um favorecimento futuro da relação mais estreita entre Trump e Bolsonaro, o que pode vir a ser estabelecido também com o candidato americano desafiante.
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com a colaboração de Guilherme Sousa, economista da Ativa Investimentos.
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Étore Sanchez