Conta de energia elétrica deve ficar mais cara a partir de junho
No Palavra do Especialista de hoje, abordaremos o tema energia elétrica. Especificamente, exploraremos algo que economistas depositam bastante atenção: bandeiras tarifárias. Além disso, adicionaremos nossa projeção para o mês de junho.
Como se sabe, o sistema de bandeiras tarifárias foi criado para que as distribuidoras de energia elétrica tivessem seus caixas ressarcidos por custos extras ao longo do ano (marcado pelo aniversário de reajuste), ocasionados pela compra de energia elétrica de fontes mais caras, em especial termoelétricas.
Esse recurso extraordinário vem de uma cobrança a mais do consumidor final. Para definir tais encargos, as bandeiras são divididas em 4 faixas. Começando pelo patamar verde, onde não há cobrança extra, amarelo, +R$1,343/100kWh, vermelho 1, +R$4,169/100kWh, e vermelho 2, +R$6,243/100kWh.
Deste modo, se o preço da conta de energia é afetado, o IPCA é influenciado, o que impacta nas taxas de juros, principalmente nas de curto prazo.
Bandeira de energia elétrica deve mudar em junho
O gatilho para a ativação do sistema é relativamente simples. Pauta-se em dois parâmetros: o preço de energia (PLD) e nível de utilização da energia barata (GSF).
Baseado no percentual da garantia física, que é proveniente da geração hídrica, encontra-se a faixa no qual o PLD será alocado, definindo a bandeira. Acredito que na projeção abaixo o sistema ficará mais nítido.
Tendo isso em vista, esperamos que a bandeira adotada em junho seja a de patamar amarelo, saindo do atual nível verde. A alteração afetará as contas de energia elétrica em mais R$1,343/100kWh, impactando o IPCA em 13 pontos percentuais.
O nível de incerteza associado às projeções de bandeiras tarifárias é gigante. Contudo, como acompanhamos o setor em alta frequência, notamos que o preço do PLD semanal subiu na última semana de referência.
Fazendo com que a nossa estimativa para o PLD oficial utilizado pela Aneel também se elevasse, do nível mínimo do preço para R$83,58/MWh.
Com base nos dados da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), pudemos auferir que hoje o GSF está em 69%, caindo em relação ao patamar oficial de maio (76%).
Deste modo, tendo em vista o GSF de 69%, com o PLD de R$83,6/MWh, de acordo com a tabela oficial da Aneel, já seria acionada a bandeira de patamar amarelo.
Essa linha de raciocínio avaliza nossa projeção para o IPCA de junho (0,15%), que já contemplava tal elevação.
Enfim, trata-se de apenas de parte da projeção de um único subitem dentre os mais de 370 que compõe o IPCA. Mas é exatamente esse tratamento diferenciado dos diversos setores que faz com a Ativa se diferencie num mercado de alta concorrência. Até a semana que vem!
Por Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos
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Étore Sanchez