Escalada da tensão geopolítica entre EUA e Irã preocupa investidores
(Por Ilan Arbetman, supervisor de Research da Ativa Investimentos)
Após um quadro de otimismo nas bolsas durante o mês de dezembro, acompanhamos a mudança no ânimo dos investidores com a incorporação de uma maior aversão ao risco face aos recentes acontecimentos envolvendo os Estados Unidos e o Irã.
Acreditamos que os efeitos mais sensíveis às cotações de petróleo já foram sentidos nos dois primeiros dias (03/01 e 06/01), após a morte do general iraniano.
No momento, temos uma expectativa que contempla menores níveis de volatilidade e de assimetria perante a cotação do barril. Por conseguinte, acreditamos em uma progressiva normalização das condições de negociabilidade das bolsas mundiais.
Percebemos maior tom de parcimônia nas falas das principais lideranças envolvendo ambos os lados e acreditamos que o atual nível de beligerância tenha alcançado um ponto para se estabelecer.
Vimos na fala do Presidente Trump um tom mais econômico e político do que propriamente bélico. Acreditamos que a decisão do presidente em se pronunciar à nação no dia seguinte tenha sido acertada, e contribuiu para a retomada da tração nas bolsas mundiais.
Concluímos, após a fala do presidente norte-americano e após os mais recentes dizeres por parte de autoridades iranianas que, possivelmente, o nível das hostilidades verificadas já tenha conflagrado a Trump e Ali Khamenei respectivas vitórias pessoais, o que tende a levar a reduzir a animosidade entre as nações e a contribuir para uma estabilização dos mercados.
Sobre a Petrobras
Consideramos acertada a decisão da governança de repetir a mesma ação realizada quando ocorreu o ataque de drones a Saudi Aramco, em setembro do ano passado. Naquele episódio, a Petrobras adotou um tom de cautela para então deliberar sobre um eventual repasse aos preços.
Agora, a Petrobras repetiu essa estratégia ao adotar uma postura mais neutra. Ainda que a sua política de preços permita o ajuste automático, a companhia não o fez e preferiu aguardar o desenrolar dos acontecimentos.
Tal atitude mostrou-se acertada e, como podemos ver, a cotação do Brent já arrefece e parece caminhar para uma situação padrão.
Acreditamos que, com maior enfoque em Exploração e Produção (E&P), a correlação entre a cotação dos papéis da companhia e a variação internacional do barril de petróleo ganhem mais aderência, e a repetição da estratégia adotada neste evento confere confiabilidade à atual governança e diminui a assimetria entre ela e seus shareholders, o que é benéfico para a estatal.
Quanto ao atual momento geopolítico, acreditamos que a moderação presente nos mais recentes discursos envolvendo autoridades americanas e iranianas tendam a vigorar, e já começamos a ver a estabilização das cotações à espera dos próximos passos.
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Ilan Arbetman