Revisamos nosso cenário de juros e inflação
No palavra de especialista de hoje, apresentaremos o nosso novo cenário econômico. Inicialmente, vale destacar que a dinâmica persistente de alta nos preços, assim como o avanço paulatino nas expectativas de inflação foram os principais motivadores para a nossa mudança no cenário macro.
De maneira objetiva buscaremos expor os motivos que nos conduziram a elevar mais uma vez nosso call de Selic ao longo do mês de julho (pré-reunião de agosto) e como isso será suficiente, em nossos cálculos, para impor a convergência da inflação para sua meta em 2022.
Estimamos que a cada 100 pontos de Selic a inflação ceda 25 pontos e é exatamente nessa linha que revisamos nossa perspectiva para o juro, lembrando que hoje as perspectivas em relação a inflação de 2022 estão em 3,81% ao ano, sendo 31 bps acima do centro da meta de inflação.
Como o BC não tem mais potência sobre 2021 e as expectativas de mercado para este não param de avançar, a autoridade deve combater os efeitos secundários de tal avanço, sintetizado pela inércia.
Deste modo, ao avaliarmos que a nossa inflação de 2021 passará para 6,7% (de 6,1%), e que as expectativas de mercado para o mesmo ano subiram quase 100 pontos, já descontando os efeitos de uma trajetória mais austera do mercado para a Selic, projetamos que será necessária a autoridade subir o juro para 7,5% para manter a inflação de 2022 em 3,5.
Em outras palavras, nossa projeção de 2021 para o IPCA passou de 6,1% para 6,7%, com a perspectiva para 2022 permanecendo em 3,5%. Isso porque o BC deverá ser mais austero na condução da política monetária, assim subimos nosso call de Selic de 6,5% para 7,5% (em 2021 e 2022), anulando os efeitos da inércia para o ano que vem.
A consequência óbvia da política monetária mais austera é o PIB mais fraco e o desemprego marginalmente mais elevado. Para 2021 continuamos julgando que o PIB avançará 4,5%, mas reduzimos nossa perspectiva de crescimento de 2,0% para 1,8% no ano que vem.
Assim, consequentemente, o desemprego que ficaria estável ao redor de 15% neste biênio, volta a trajetória altista no ano, passando de 15% para 15,5% no final do ano que vem.
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Étore Sanchez