Coronavírus: Licenciamento de veículos cai 82%, em abril
A partir de hoje, escreverei todas as terças-feiras sobre macroeconomia para a coluna Palavra do Especialista, da Ativa Investimentos. A coluna também contará com textos do nosso time de especialistas do Research, sempre às quintas-feiras.
Como não poderia ser diferente, o tema inaugural é sobre a atual crise e seus impactos. Contudo, hoje, gostaria de trazer à mesa um dado concreto, que vai além das projeções e hipóteses.
Pautados nos dados que abordaremos adiante e em hipóteses setoriais de recuperação ao longo dos trimestres que se seguem, fizemos o Cenário Ativa, e esperamos uma contração do PIB de 2020 de -2,75%, com magra recuperação, de apenas 2,5%, em 2021.
Não obstante, mensurar o tamanho do buraco gerado por essa crise ainda é muito complexo, uma vez que os dados de alta frequência são extremamente escassos. Com enfoque nisso, gostaria de chamar a atenção para apenas um dos dados de divulgação diária que acompanhamos na Ativa Investimentos: o licenciamento de veículos.
A indústria automotiva é muito relevante para economia brasileira, além de ter grande participação no mercado de trabalho, direta e indiretamente. Assim, com base nos dados diários da Fenabrave dos autos e comerciais leves mais vendidos (top 20), pudemos aferir projeções para o setor e acompanhar o desempenho no tocante a crise do coronavírus.
Licenciamento de veículos cai 82%
Como podemos ver no gráfico abaixo, após uma contração de quase 25% na comparação interanual em março, os dados de licenciamento diário de veículos já contraíram quase 82%, em abril, uma retração inimaginável para o setor.
Evidentemente, podemos traçar hipóteses quanto a postergação do consumo de veículos, principalmente no tocante a pessoa física o que é mais difícil quando falamos de frotas de automóveis, mas o intuito de apresentar tais dados seria apenas buscar uma medida para mensurar em alta frequência a atividade econômica.
O comércio representa cerca de 12% do PIB, e o setor de veículos representa 24% da pesquisa do varejo ampliada. Deste modo, olhando apenas para o impacto deste setor analisado no PIB, podemos afirmar que, até agora, temos contratado uma retração interanual de -0,6% para 2020.
Em outras palavras, supondo uma volta do comércio de veículos nos meses posteriores a abril (o que já é forte) e que a crise não tenha nenhum efeito na cadeia industrial, o PIB de 2020 inicia-se, a depender desse setor, a -0,6%.
Assim, continuaremos monitorando esses e outros dados que exploraremos nesta coluna nas próximas oportunidades. Até a próxima terça!
Étore Sanchez
Economista-chefe da Ativa Investimentos
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