Vale deve mostrar aceleração produtiva
A Vale libera seu relatório de produção nesta segunda-feira (19/10), após o pregão. Nossa expectativa é que a empresa demonstre evolução e avance rumo a sua meta de 310 milhões de toneladas ao ano. Com as 68 Mt (milhões de toneladas) produzidas no segundo trimestre, a companhia chegara a 128 Mt no ano, permanecendo ainda bem aquém do seu guidance.
Neste terceiro trimestre, a empresa não deverá verificar as questões logísticas enfrentadas no primeiro trimestre e, possivelmente, observará uma força ainda maior por parte da demanda chinesa, que já representara 70% da destinação de minério de ferro e pelotas no segundo trimestre.
Uma vez que sua indústria siderúrgica chinesa já trabalha com fatores de utilização acima de 90%, nossa esperança é que a produção da companhia tenha acompanhado o aquecimento desse setor.
Reforçamos ainda que pautamos nossa modelagem e preço atual de Vale no sucesso da convergência produtiva aos valores da faixa mínima de seu guidance de produção para este ano, que varia entre 310 e 330 Mt.
Podendo chegar a 400Mt, em 2022, verificamos Vale transacionada com um present value of growth oportunities negativo. Com um valor de mercado de R$ 63, com lucro esperado para 2021 de R$ 12 por ação e utilizando uma taxa de retorno requerida de 13%, seu preço atual refletiria um desconto de aproximadamente R$ 30 às suas expectativas de lucro descontadas por seu custo de equity.
Outro fator que levamos em consideração em nossa tese é a possibilidade de a companhia retomar com força o pagamento de proventos. Supondo uma taxa de retenção de 2/3, uma margem líquida de 15%, um giro do ativo de 0,3x e uma taxa de alavancagem financeira de 2,4x, chegamos à obtenção de uma taxa de crescimento sustentável próxima a 7%.
Obtendo a diferença entre o retorno requerido e a taxa de crescimento sustentável dividido pela taxa de crescimento, chegamos a um dividend yield projetado de 5,5%, taxa cuja magnitude não pode ser negligenciada.
Evidentemente a companhia tem muito a evoluir, sobretudo na esfera ESG, onde reside o hiato entre a mesma e seus pares globais. Acreditamos que, com o cumprir desta agenda, a empresa torne seu objetivo em se tornar uma true corporation mais concretizável e possa, assim, proporcionar ao mercado tudo que acreditamos que a empresa possa.
Seu relatório de produção do terceiro trimestre é o primeiro de muitos testes que estão por vir. Antes de aferirmos a possibilidade da empresa retomar a capacidade de 400Mt, em 2022, nada melhor do que certificar que os 310 Mt não só são possíveis como serão alcançados pela empresa.
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Ilan Arbetman