O que é operar vendido? Descubra o que é e como minimizar riscos
Investidores e especuladores iniciantes vêm até a bolsa e se deparam com uma grande quantidade de termos complexos e que, a princípio, não fazem o menor sentido na nossa mente. Um desses termos se chama operar vendido, também conhecido como estar short em algum ativo.
Afinal, como assim “operar vendido”? Os ativos em geral só dão para comprar, correto? Errado!
Alguém que compra uma ação visa o lucro seja pelo retorno de dividendos ou pela valorização da mesma. O investidor que vende a descoberto tem interesse na queda do ativo. Em outras palavras, ele ganha conforme o ativo se desvaloriza cada vez mais. Explicando assim, sem números, fica difícil entender como. Porém, mais abaixo, descreverei como funciona o processo, os custos envolvidos e os riscos.
Operações de venda a descoberto são feitas para investidores experientes e de perfil agressivo. O interesse de cada um deles é específico na venda. Lembrando que essa operação envolve alto risco e exige um nível de conhecimento do trader, motivo pelo qual estamos aqui para explicar.
Índice
Afinal, o que é operar vendido?
Primeiramente, a venda a descoberto é uma operação em Renda Variável em que visamos o lucro oriundo da queda de algum ativo. Logo, se o ativo subir, a operação vai gerando prejuízo.
Muitos investidores experientes fizeram muito dinheiro em operações desse tipo, quando perceberam que os ativos estavam a um preço considerado alto demais por eles ou que alguma crise estava por vir.
Existe um ditado no mercado que diz que a bolsa “sobe de escada e desce de elevador”, se referindo à velocidade dos movimentos em cada uma das direções. Operar vendido é atraente por conta da velocidade de queda dos ativos, quando eles decidem cair mesmo.
A operação é tão famosa que existe um filme sobre o mercado financeiro que retrata essa situação ocorrida na crise do subprime nos Estados Unidos em 2008. Alguns investidores identificam padrões de que o preço do mercado como um todo estava nas alturas e totalmente fora de realidade, decidindo então entrar short nos ativos. Por isso, o nome do filme em inglês: “The Big Short”. Em português, “A Grande Aposta”. Em tempo, esse filme é altamente recomendado para qualquer pessoa que tenha interesse no mercado financeiro.
Como funcionam os números nessa operação?
Venda comum
Para começar, vou dar um exemplo de compra e venda comum, a operação mais simples que temos. Um investidor comprou ações da empresa ATV por R$ 10,00. Depois de um mês, ele teve um resultado maravilhoso e as ações subiram como um foguete. Ele as vendeu por R$ 15,00. Como calculamos o lucro da operação?
Preço de venda subtraído pelo preço de compra, menos os custos envolvidos.
Logo, 15-10 = R$ 5,00 por ação de lucro (não incluí custos para facilitar a matemática).
Caso a ação tivesse caído de R$ 10,00 para R$ 8,00, ele teria um prejuízo de R$ 2,00 por ação – caso ele vendesse.
Venda a descoberto
No caso de venda a descoberto, faríamos o contrário: a venda vem antes da compra.
Para isso, vamos supor que o mesmo investidor identificou que a empresa ATV estava muito cara, que o preço de mercado estava fora de realidade e que uma queda deve ser iminente. Além disso, ele analisou os gráficos e encontrou padrões de venda do ativo. Então, ele decidiu prosseguir com o short. Ele alugou ações (explicarei mais a frente sobre isso) e as vendeu a descoberto, a R$ 10,00. Ou seja, ele recebeu um crédito em sua conta de R$ 10,00 por ação vendida. Depois de um mês, as ações caíram para R$ 8,00 e o investidor optou por encerrar a operação. Lembra como calculamos o lucro?
Preço de venda subtraído do preço de compra menos os custos. Logo, temos que 10-8 = R$ 2,00 de lucro por ação.
Como ele encerra essa posição? Ele simplesmente vai lá e compra o ativo na mesma quantidade que havia vendido, trazendo sua exposição para neutra novamente.
Os exemplos que citei são de operações de swing trade que duraram um mês. Tal operação também pode ser iniciada e terminada no mesmo dia, o que configura como day trade.
Quais as diferenças entre operação comprada e vendida?
Se encararmos de forma drástica, uma operação vendida é mais arriscada que a comprada. Isso porque uma ação pode subir até o infinito mas só pode cair até zero.
Em outras palavras, quando uma ação sobe é prejuízo na operação vendida e ela só pode cair até zero, o que consagraria como lucro máximo. Na operação comprada temos limite no prejuízo, mas não temos limite para ganhos.
Falando de custos, entrar short inclui algumas coisas a mais, como a margem de garantia e o aluguel de ações. Quando você vende a descoberto, você recebe o dinheiro dessa venda na sua conta da corretora. No entanto, futuramente, você precisará de financeiro para encerrar esta operação. Caso a ação suba, o que traz prejuízo, será preciso que o investidor deposite mais dinheiro para não ficar devendo. Para evitar isso, existe a margem de garantia.
Nesse sentido, a corretora vai exigir um valor ou um ativo para que haja proteção em caso de perdas exageradas, em que o investidor não conseguiria cobrir a perda. Além disso, é importante dizer que esse valor exigido de margem tende a ser maior que o volume da operação. Por isso, usa-se a expressão venda a “descoberto”, em situações em que existe exposição direta a essas perdas e que é preciso cobrir de alguma forma.
O aluguel de ações
Nesse contexto, o aluguel de ações é um mecanismo interessante que importa tanto para o investidor que não tem interesse em vender como para o que tem o interesse. Imaginem um investidor X, que tem ações da empresa ATV mencionada anteriormente. Ele não tem pretensão em se desfazer da posição dele, mas deseja renda extra. Uma das formas de fazer isso é alugando suas ações. O investidor Y, que é o que tem interesse em operar vendido nas ações da ATV, quer alugar para fazer a venda a descoberto. Assim sendo, acompanhe:
O investidor X, chamado de doador, recebe um aluguel pelas suas ações da ATV.
O investidor Y, chamado de tomador, vende as ações ATV alugadas e busca ganhos na queda do ativo.
Para o investidor X não importa, ele não tem interesse em se desfazer do papel e ainda recebe remuneração extra. Para o investidor Y, além dos custos normais de transação, precisará arcar com o aluguel como um custo da operação. As taxas de aluguéis não costumam ser altas, só em casos especiais. Por isso, é necessário verificar se há o aluguel disponível para o papel entes de iniciar a operação.
Como minimizar riscos?
Antes de mais nada, não comece fazendo esta operação com muito dinheiro, faça com pouco. Usando uma analogia, coloque só um pé na água para descobrir a temperatura. Conforme você fica mais experiente, você pode buscar ganhos cada vez maiores, no momento que entende o risco da operação e o quanto de perda você está disposto a correr.
Com estudo, são operações que também trazem bons lucros. Porém, você precisa cumprir alguns passos antes nos seus investimentos, para que não corra riscos em excesso. Por isso, veja este outro artigo que escrevi sobre o caminho para se tornar um trader profissional. Até a próxima!
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Lucas Xavier