Palavra do Especialista: Revisões do PAF e RMD de abril
A palavra do especialista de hoje será sobre a revisão Plano Anual de Financiamento (PAF), motivada pelas mudanças nos indicadores fiscais e na inflação do Brasil. Assim, notaremos que as mudanças tiveram impacto mais importante nos vencimentos de médio e longo prazo. Além disso, comentaremos o resultado do relatório mensal da dívida (RMD).
A revisão do PAF 21 contém uma grande surpresa na nossa perspectiva: a elevação de flutuantes. A revisão foi do intervalo entre 28%-32% para 33%-37%. Um salto grande no plano da autoridade que deverá mais do que repor os quase R$250bi vincendos na LFT em setembro/21.
O avanço do intervalo das Bs ficou brevemente aquém do esperado por nós, esperávamos algo entre 27%-31% e o observado foi 26%-30%. Denotando que a autoridade tenderá a desacelerar o ritmo de emissões da modalidade, principalmente tendo em vista o grande volume emitido ontem.
Ambas as elevações acabaram integralmente compensadas nas perspectivas de Prefixadas, que recuaram fortemente de 38%-42% para 31%-35%, muito abaixo da nossa perspectiva de 35%-39%. Assim esperamos que a reposição dos grandes volumes vencendo em julho e outubro, quase R$350bi, deverão ser repostas por outras modalidades.
Mesmo assim, a alteração de foco do Tesouro para flutuante e índices de preço acabam convergindo para nossa percepção que a autoridade deveria reduzir a meta de %vincendo em 12 meses, o que acabou sendo feito
Não obstante, o RMD de abril mostrou que o estoque de DPF recuou de R$5.243bi para R$ 5.089bi. Esse recuo pode ser explicado quase que integralmente pela variação líquida negativa das emissões da DPF, em-R$167,16 bi. No mais, tivemos uma apropriação de juros de R$ 13,88 bilhões em abril.
Com grande vencimento de LTN e uma emissão não proporcional no mês, foi natural assistir a uma redução do peso dos prefixados em detrimento do avanço dos demais títulos.
Sobre os detentores da DPF, destaque para a redução da participação do principal grupo detentor da DPF, Instituições Financeiras, atualmente contendo 29,7% da DPF ante 31,1% em março; e, por outro lado, destaque para o aumento do grupo de Não-Residentes, chegando a 13,2% em abril ante 12,6% no mês anterior.
O percentual de vencimentos para os próximos 12 meses caiu para 24,5% devido, principalmente, aos vencimentos ocorridos em abril na casa de R$ 338,8 bilhões, em linha com a nova revisão do PAF, cujos limites estão entre 22% a 27% dos títulos vincendo em 12 meses.
Importante destacar que o prazo médio de vencimento da dívida foi elevado marginalmente, passando de 3,63 anos para 3,79 anos. Por sua vez, o custo médio da DPF apresentou redução, de 7,64% a.a. em março para 7,22% a.a. em abril.
Por fim, retomandosobre as revisões do PAF, percebemos que a autoridade vai seguir privilegiando as Bs, e coloca holofote sobre as LFTS. Os prazos acabaram ficando mais dilatados. Além disso, os volumes dos leilões tenderão a diminuir ao longo de 2021, vide que até o intervalo esperado para a DPF foi reduzindo em R$100bi. Por último, sobre o RDM de abril, destacamos que as reserva de liquidez após a emissão líquida da dívida ainda se encontram em patamar bastante confortável.
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Étore Sanchez