Varejo de moda: É a hora de apostar nas grandes empresas de mercado?
A crise econômica causada pelo coronavírus está sendo difícil para a maioria dos setores da economia brasileira. Mas gostaria de ressaltar, em especial, as empresas do setor do varejo de moda.
Um estudo feito pela consultoria Alvarez & Marsal (A&M) exemplificou bem essa questão mostrando que pelo menos 13 marcas precisaram pedira proteção contra credores com dívidas que ultrapassam os R$ 5 bilhões.
A grande preocupação dessas varejistas é o contínuo aumento do endividamento à medida que a perspectiva de melhora na geração de caixa não demostra sinais positivos por conta da pandemia do coronavírus.
Além das dificuldades em se reinventar, companhias que tinham menos afinidade com vendas online em um momento que a multicanalidade foi extremamente importante, sofreram com as medidas de isolamento que obrigaram o fechamento das lojas físicas e fizeram a geração de caixa dessas empresas despencar. Devido a isso, muitas delas acabaram virando alvos de aquisições.
Estudos mostram que a procura de empresas do setor de varejo por companhias de reestruturação aumentou em 25%, no ano de 2021. Esses números refletem que os programas de apoio realizados pelo governo em 2020, devido ao lento processo de vacinação no Brasil, serviram somente para adiar as consequências da pandemia para este ano.
Em conjunto com as dificuldades em gerar caixa, é preciso ficar atento ao aumento dos preços das matérias-primas e ao início do vencimento dos empréstimos feitos nos primeiros meses da pandemia do Covid-19. Esses deverão ser novos desafios que essas companhias terão que enfrentar.
Marcas em dificuldades
Entre as marcas que passam por momentos de dificuldades, podemos destacar a TNG, que tem 90% da receita advinda das lojas físicas e entrou com pedido de recuperação judicial.
A Restoque (LLIS3), marca que comanda Le Lis Blanc, Dudalina e Rosa Chá, entrou em recuperação extrajudicial em 2020 e negociou, em fevereiro, emissão de debêntures no valor de R$ 1,4 bilhão. Tem também a Cavalera, que entrou com pedido de recuperação judicial em São Paulo.
A maior dificuldade dessas companhias está na pouca disponibilidade de caixa. Com isso, não conseguem injetar capital para que a operação continue rodando de forma sustentável em momentos de crise.
Por outro lado, é justamente nos momentos de adversidade que as grandes empresas de capital aberto possuem uma maior facilidade para acessar capital e, consequentemente, atravessar os momentos de instabilidade com menos danos.
Grandes varejistas conquistando market-share
Por esse motivo, aqui na Ativa Investimentos, enxergamos o momento como perfeito para as grandes companhias do varejo de moda.
Acreditamos que grande parte dessas empresas, que estão enfraquecidas pelo momento de crise, ou serão alvos de aquisições ou podem não sobreviver ao resto da crise. Ou seja, de forma orgânica ou inorgânica, veremos as grandes empresas adquirindo essas menores e conquistando market share no mercado.
Essa nossa visão é validada quando vemos as recentes movimentações que ocorreram no mercado como a Arezzo (ARZZ3) buscando aquisições, o Grupo Soma (SOMA3) combinando negócios com a Hering (HGTX3) e a Lojas Renner (LREN3) realizando uma oferta de ações de R$ 3,9 bilhões para se capitalizar.
Para o investidor brasileiro, que me questiona sobre esse setor, digo que tenho uma visão otimista para as grandes companhias listadas na Bolsa. Desde o início da pandemia, já comentava que essas empresas sairiam da crise com ganhos relevantes de market share.
Entretanto, a grande questão agora é entender qual dessas empresas conseguirá realizar as melhores aquisições e quais trarão maiores sinergias operacionais.
Na nossa visão, isso é algo que passa muito mais por um estudo de quem está por trás de cada bussiness e qual o seu background em trazer valor para os acionistas.
Nesse quesito, vemos Lojas Renner e Arezzo com um management qualificado e que, para nós, deverá também conseguir capitalizar essa oportunidade de consolidação e ganho de share no setor.
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Pedro Serra