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A temporada de balanços começou. O que já podemos observar?

Por: Ilan Arbetman
03/08/2020
3 min

A temporada de balanços começou. O que já podemos observar?

Temida e impactante, a temporada de balanços, que prometia ser uma das mais severas das últimas décadas, se mostra mais branda do que o mercado imaginava. E não faltaram surpresas. Quem diria que a recepção do balanço da Petrobras seria positiva ? Ou que Usiminas cravaria alta após a divulgação ? Mais uma vez, a temporada de balanços surpreendeu e a tendência é que verifiquemos maiores novidades daqui pra frente.

Nossas primeiras análises de agosto de 2020

NeoEnergia e Weg

Por mais que a queda na demanda e a inadimplência tenham pesado sobre o resultado e posto um ponto de interrogação nas próximas leituras, o resultado da NeoEnergia foi bem benigno do que se previamente imaginara. Logo no dia seguinte, Weg animou o mercado, mostrando resiliência, sobretudo quanto a demanda externa referente à equipamentos eletroeletrônicos industrias.

Hypera

Hypera começou a mostrar uma possível fraqueza do varejo, observando vendas fortes no sell in (para farmácias) e menor potência no sell out (vendas diretas a clientes).

Cielo

Em Cielo, vimos até o momento o balanço mais fraco da temporada. Quedas no volume e maiores dificuldades na estratégia de ampliar a base de clientes são alguns dos desafios atuais da adquirente.

CSN e Usiminas

Já o balanço da CSN foi bem recepcionado pelo mercado. Apesar da fraqueza no mercado siderúrgico, a resiliência da linha de mineração sustentou os resultados. Apesar da boa receptividade, lembramos que a alavancagem do player atingiu altos patamares e pode implicar na necessidade de um plano de ação por parte da empresa. Em Usiminas, a mineração também foi ator principal.

Smiles, Carrefour e Pão de Açúcar

Smiles anunciou sem surpresas, deflagrando a queda no mercado de aviação, mas mostrando um mercado bem mais vibrante em junho.

Carrefour mostrou a força do varejo discricionário. Impulsionado pelo alto consumo de bens necessários, sobretudo no início do trimestre, o player viu um aumento de solicitações online, tendência que a pandemia pode ter acelerado.

Já a recepção do resultado de Pão de Açúcar não fora tão positiva. A queda de 20,3% no lucro líquido e a dependência ao resultado da Assaí, o que pode significar menores margens no futuro, pode ter sido alguns dos motivos.

CESP, ENGIE e Transmissão Paulista

Voltando as elétricas, CESP, ENGIE e Transmissão Paulista mostraram que os setores de geração e transmissão sofreram bem menos com a crise que o setor de distribuição. Ambos os balanços foram robustos e bem recebidos pelo mercado.

Localiza

Em locação de veículos, Localiza sofreu com o fechamento de lojas e com a queda nas receitas com seminovos.  Apesar das dificuldades reportadas, a recepção foi positiva e o mercado projeta melhores momentos ao setor nos próximos meses.

Resultado de elétricas de Geração e Transmissão foram bem recepcionados. Fonte: Bloomberg.

Telefônica e Tim

Em telecomunicação, o setor vive um frenesi frente ao aparecimento de propostas pela parte móvel da Oi. O momentum dificulta uma interpretação mais limpa dos resultados por parte do mercado, mas verificamos em Telefonica um resultado que, apesar de impactado pela pandemia, apresentou ganhos de Market share em telefonia móvel e aumento de margem consolidada. Em Tim, apesar da queda no top e bottomline, o ebitda evoluiu, sustando por melhorias operacionais.

Santander e Bradesco

Passamos nossos olhares ao setor bancário, onde Santander, diferentemente do primeiro trimestre, onde preferiu, ao contrário de Bradesco, Itáu e Banco do Brasil, não provisionar de forma forte, aumentou suas provisões e apresentou um balanço mais alinhado com os pares.

Bradesco, que já havia acelerado as provisões previamente, seguiu reportando um alto provisionamento, mostrando que os condicionantes de oferta e demanda na parte de crédito somado ao atual momento regulatório, como a Agenda BC+, seguem como desafios vigentes ao setor.

Vale

Por fim, vamos às exportadoras. Vale apresentou um balanço resiliente e, com a divulgação da volta do pagamento de proventos, animou o mercado. Passado a fraqueza chinesa do 4T19 e os problemas logísticos apresentados no 1T20, a companhia apresentou neste resultado mais condizente com o alcance de suas metas ao fim do ano.

Petrobras

Petrobras resistiu bravamente ao período mais difícil das últimas décadas. Com um Brent médio abaixo de U$D 30, a companhia apresentou receitas sabidamente mais diminutas em suas três áreas de atuação:

  • exploração & produção;
  • refino;
  • e energia & gás.

Apesar do fato, a companhia seguiu trabalhando para diminuição dos custos, sobretudo em E&P, onde encontra-se cada vez mais eficiente. O sucesso na manutenção da dívida é também um fator a ser comemorado e mostra a diligência do atual management. Passado o período atual, a companhia mira melhores dias, sendo mais parcimoniosa na relação produção x lucro, reforçando que seu objetivo-ótimo é a geração do segundo e não do primeiro.

Foi um começo melhor que o esperado. E podemos continuar esperando, porquê ainda tem muita empresa a reportar. E você, investidor, continue contando com nossa assessoria nesse momento. Estamos aqui para tornar a percepção destes resultados mais simples possível para você. Até a próxima!

Ilan Arbetman