Variação do dólar em 12 meses: o que mudou?
A formação de preço no mercado cambial é o resultado da interação entre fluxos financeiros, balança comercial e expectativas futuras de juros. Ao analisarmos o intervalo de 12 meses entre dezembro de 2024 e dezembro de 2025, observamos uma alteração significativa nos vetores que determinam a taxa de câmbio.
Não se trata apenas de uma variação numérica, mas de uma mudança na natureza da precificação: saímos de um cenário pautado pelo prêmio de risco (especulação) para um cenário pautado por fluxos reais (fundamentos).
2024: O Preço da Incerteza e o Prêmio de Risco
Para compreender o presente, é necessário analisar a estrutura do mercado há 12 meses. O final de 2024 foi marcado pelo que tecnicamente chamamos de "estresse de expectativas".
Naquele momento, o valor do dólar frente ao real não refletia apenas as transações correntes, mas embutia um alto prêmio de risco fiscal. O mercado operava sob a perspectiva de deterioração das contas públicas brasileiras e incerteza sobre a manutenção do arcabouço fiscal. Quando o risco percebido aumenta, o investidor estrangeiro exige um retorno maior para manter capital no país, ou retira liquidez (fuga de capital), pressionando a moeda local.
Somado a isso, o cenário externo em 2024 apresentava taxas de juros nos Estados Unidos (Treasuries) ainda em patamares restritivos. Isso fortaleceu o Dólar Index (DXY) globalmente, pois títulos americanos pagavam juros altos com risco zero, drenando recursos de mercados emergentes como o Brasil.
Resumo de 2024: O preço era formado majoritariamente por especulação defensiva e volatilidade decorrente de ruídos políticos e fiscais.
2025: O Ajuste à Realidade e o Papel do Fluxo Comercial
Chegamos a dezembro de 2025 com o dólar cotado na faixa de R$ 5,45. Embora nominalmente alto em comparação a médias históricas de anos anteriores, este valor reflete uma nova dinâmica estrutural, e não um pânico momentâneo.
Dois fatores fundamentais substituíram a especulação do ano anterior:
1. A Nova Dinâmica de Juros (Fed vs. BCB)
O mercado já precificou e ajustou as expectativas quanto à política monetária do Federal Reserve (Fed). Com a trajetória de juros nos EUA mais clara e definida, a volatilidade decorrente de "surpresas" nas atas do FOMC diminuiu.
O diferencial de juros (spread) entre Brasil e EUA se estabilizou em um patamar que, embora não gere uma apreciação massiva do Real, evita desvalorizações agudas.
2. O Colchão de Liquidez das Exportações
O fator determinante para a cotação atual é o fluxo comercial. O Brasil mantém uma robustez nas exportações (agronegócio, petróleo e minério). A entrada constante de dólares via canal comercial atua como uma força contrária à saída de dólares pelo canal financeiro.
Isso significa que o preço de R$ 5,45 é o ponto de equilíbrio técnico entre a saída de investidores (fluxo financeiro) e a entrada de receitas de exportação (fluxo comercial). É um preço de "realidade econômica", baseado em dados concretos de balanço de pagamentos.
O Problema do Market Timing
A comparação entre os dois períodos expõe o risco da tentativa de Market Timing (tentar acertar o momento exato da mínima para comprar).
Investidores que em 2024 aguardaram uma "melhora substancial" baseada em otimismo subjetivo podem ter perdido janelas de oportunidade, ou foram forçados a comprar em momentos de pico de volatilidade.
A volatilidade cambial é estatisticamente imprevisível no curto prazo porque reage a eventos exógenos (guerras, declarações políticas, dados de inflação surpresa).
Tentar vencer o mercado operando contra a volatilidade é uma estratégia com expectativa matemática negativa para o investidor não institucional.
Conclusão
A transição de 2024 para 2025 nos ensina que o mercado migra da incerteza para a realidade rapidamente. O investidor que baseia suas decisões em manchetes de curto prazo tende a ficar atrasado em relação aos movimentos reais de fluxo.
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*Cotação consultada em 09/12/2025, sujeita a alteração.
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