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Vida de Trader: como manter o sangue frio e controle emocional para operar?

Por: Time Ativa
31/01/2019
4 min

Vida de Trader: como manter o sangue frio e controle emocional para operar?

Muitas pessoas são atraídas pela profissão de trader pela liberdade em não ter patrão, por operar em qualquer lugar do mundo e pela possibilidade de ganhar e acumular dinheiro rápido. Hoje, há um  bombardeio de informações especialmente de  “professores, coachs, gurus, mentores” afirmando que é fácil se tornar um trader.

Porém, é um caminho muito duro e doloroso. O que essas “propagandas” não mostram são que muitas pessoas desistem pelo caminho seja por falta de disciplina, alta alavancagem ou desconhecimento.

Muitos estudiosos da economia comportamental ou do trading concluem, dos que dos que começam a fazer daytrade, cerca de 80% a 90% perdem todo o seu dinheiro. Apenas de 10% a 20% conseguem o êxito de se tornarem traders profissionais.

A maioria dos que entram nesse mercado após ver a tal “propaganda” e com pouco conhecimento, buscam um curso básico ou mesmo alguns vídeos na internet e saem por aí se chamando de trader. Eles abrem uma conta na corretora e começam a comprar e vender ativos.

Como o daytrade te permite movimentar valores altos com pouco dinheiro (processo conhecido como alavancagem), de fato dá pra ganhar muito dinheiro, mas ao mesmo tempo é possível a perda de muito, também.

Existem três pilares básicos que o trader  deve ter em mente quando vai entrar nesse mundo: (I) Metodology (metodologia); (II) Money management (gerenciamento do dinheiro); e (III) Mindset (psicológico). É o que o psiquiatra e trader Alexander Elder mostra em seus livros intitulados “3M”. Sem esses três pilares bem consolidados é improvável que alguém consiga se tornar um trader profissional.

Sendo assim, o primeiro passo do trader é ter uma metodologia, ou, em outras palavras, uma estratégia operacional, aquela que vai te dizer se você deve apertar o botão de comprar. A forma mais comum de se operar no mercado intraday é por análise gráfica, que nada mais é do que fazer uma leitura do movimento do preço e, com isso, tentar prever o próximo movimento. A análise gráfica é uma escola muito desenvolvida e que teve início no século XIX.

Quando comecei, busquei entender o máximo dessa forma de análise. Conceitos de tendência, suportes e resistências são os mais básicos, mas existem dezenas ou centenas de indicadores que derivam do movimento do preço. Por isso, é importante estudar bastante para conhecê-los. Ao entender a análise, deve-se formular uma metodologia, aquela que melhor se encaixa no seu perfil e que você consiga facilmente perceber quando aparece, para a tomada de decisão.

Após escolher uma metodologia, o segundo passo é encontrar a melhor forma de gerenciar o seu dinheiro. Isso é importante porque nenhuma estratégia vai ter 100% de acerto, terão momentos de perda também. E é bom saber que todo trader tem seus dias, semanas ou até meses ruins. Então, ele deve estar preparado para que esses períodos de perda não comprometam seu patrimônio.

Por isso, é importante saber o quanto deve se colocar em risco em cada operação, porque toda operação em que o trader entra, a única certeza que nós temos é o risco máximo que podemos correr, e o resto, o mercado vai nos dizer. É aí que mora o perigo da alta alavancagem: bastam algumas operações com perda que o trader perde todo o dinheiro.

O último e, na minha opinião, o mais importante pilar do trading, é o PSICOLÓGICO. De nada adianta ter uma excelente metodologia e o melhor gerenciamento do dinheiro se, quando o mercado abre, você não consegue executar de forma correta. E é normal isso, inclusive. Apesar da minha experiência, eu ainda passo por isso e imagino que mesmo o mais profissional dos traders passe.

Não somos robôs, temos o fator emocional no nosso cérebro pronto para minar nosso comportamento. Outro autor muito conhecido e focado na psicologia do trade Mark Douglas faz uma importante observação sobre o tema: “o que separa o trader profissional do amador é a tomada de decisão sem medo”. Em outras palavras, não hesitar na hora de apertar o botão, operar sem medo de perder. Falar é muito fácil, mas fazer é muito difícil.

Vamos à situação em que o trader tem sua metodologia e começa a operar. As 3 primeiras operações dão gain, a quarta uma perda, depois mais quatro gain e aí vem uma sequência de quatro perdas. Depois, dois gains e mais uma sequência de quatro perdas. Friamente falando, se você conhece a metodologia e sabe que isso faz parte, você continua operando normalmente, sem que o resultado das operações perdedoras influencie nas próximas. Porém, não é isso que acontece.

Na verdade, muito provavelmente, o trader que está no início vai começar a duvidar da sua metodologia e ficará com medo de entrar nas operações e, assim, hesitará. Na próxima oportunidade que aparecer, o trader não entrará e o mercado andará a seu favor, com um gain. Na próxima, entrará e será uma perda. E, assim, ficará ainda mais chateado e isso aumentará a sua tensão ainda mais, minando o seu psicológico. Isso acontece com todos, sem exceção. Não conheço

Mas é muito improvável que o aspirante a trader profissional não se depare com essa situação. E é aí que muitos desistem. Seja porque nesse momento de tensão psicológica ele aumenta a alavancagem para recuperar as perdas, perdendo ainda mais, ou porque entra numa espiral ruim e muito difícil de sair.

É geralmente nessa fase que o trader abre o olho e começa a de fato a estudar e aprender sobre o mercado, já que muitos não passam pela fase de desenvolver uma metodologia e de preparar uma forma de gerenciar o dinheiro.

Mark Douglas define muito bem: “a habilidade de operar sem medo é uma habilidade que deve se desenvolver com o tempo e que deve ser cultivada, já que ela vai ser testada, de tempos em tempos, quando a metodologia passar por um momento ruim”. É isso o que chamamos de tempo de tela. Que só com o tempo operando, perdendo e ganhando, o trader vai aprender a lidar com essa questão emocional do trading.

Por fim, minha dica para quem está começando é que comece com bem pouco dinheiro. Coloque lá para testar várias metodologias e, com o tempo, escolher a forma de operar que melhor se encaixa no seu perfil e que você confie 100%. Mesmo que esteja indo bem, não aumente muito a alavancagem e lembre-se do gerenciamento do dinheiro.

Eu não arrisco mais de 2% do meu patrimônio numa operação. Desta forma, teria que errar muito para quebrar. Não se desespere se der errado. Não se influencie pelos gains dos outros nas redes sociais. Todo mundo passa por momentos ruins no trade, principalmente no início. Vá com calma e bons trades!

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(Por Lucas Marins, trader profissional) 

Time Ativa