Em 2020, o número de investidores da nossa Bolsa de Valores dobrou. No fim de 2019, tínhamos ao redor de 1,6 milhão de investidores. No fim do ano passado, 3,2 milhões. No entanto, nem todas essas pessoas dominam a sopa de letrinhas da análise de empresas na Bolsa, incluindo termos como ROE, ROIC, ROA e WACC. Isso explica, talvez, porque tantas pessoas têm dificuldade para ter carteiras lucrativas e adequadas ao perfil e objetivos pessoais
Existem muitas formas de investir na Bolsa de Valores. Por exemplo, você pode fazer Day Trade e tentar lucrar nas variações diárias no preço dos papéis. No entanto, uma das “regras” da Bolsa é que os investimentos mais lucrativos ao longo prazo são em empresas sólidas. Para encontrá-las, no entanto, é necessário dominar conceitos de Análise Fundamentalista e Técnica. É nesse contexto que entram aquela sopa de letrinhas que mencionamos.
Se você quer começar a aprender o que você precisa saber antes de investir na Bolsa, este artigo foi feito para você. Siga a leitura para dominar conceitos como ROI, ROIC, ROE, ROA e saber como usá-los do jeito certo!
Índice
A base da Análise Fundamentalista consiste em olhar para os resultados financeiros de uma empresa e ver seus fundamentos. Ou seja: entender como aquele negócio funciona, o quão lucrativo ele é e quais as chances dele gerar valor. Afinal, a longo prazo, a capacidade de lucro de uma empresa tende a ser refletida no preço de suas ações.
No entanto, não basta simplesmente olhar para o balanço das empresas e ver se elas deram lucro naquele trimestre. Afinal, se fosse fácil assim, todo mundo teria lucro na Bolsa. Na verdade, é necessário contextualizar esses resultados para entender a real perspectiva de geração de valor das empresas. É para isso que existem múltiplos de Análise Fundamentalista como ROIC, ROI, ROE e ROA. Vejamos a seguir o que cada sigla dessas significa!
A sigla ROE vem de Return on Equity, que significa algo como “Retorno sobre o Patrimônio Líquido“, em tradução livre. Esse é um dos múltiplos de Análise Fundamentalista mais usados e conhecidos. A razão disso é simples: essa métrica mede a capacidade da empresa de gerar valor com seus próprios recursos.
O Patrimônio Líquido usado nessa análise é constituído por todo o capital que é da empresa. Isso inclui:
Com essa informação, é possível saber quanto de valor a empresa gera por conta própria. Normalmente, negócios em crescimento geram ROEs maiores (mas oferecem mais risco também).
Do inglês Return on Invested Capital (Retorno sobre Capital Investido, em tradução livre), o ROIC é outra métrica importante. Ela mede o quão eficiente é a gestão de uma empresa com o total de dinheiro disponível para investir. Ou seja: essa métrica considera capital de terceiros que estão disponíveis para o negócio. Isso inclui:
Portanto, o ROIC permite contextualizar melhor a capacidade de gerar lucro de uma empresa. Afinal, a métrica calcula a capacidade de gerar lucro considerando o seu nível de endividamento. Dito isso, portanto, nenhuma análise de ROIC está completa sem considerar o WACC.
Ao contrário das outras siglas daqui, WACC não é uma métrica de lucro. A sigla (que vem de Weighted Average Capital Cost), mede o custo médio ponderado de capital de um investimento. Explicando de maneira simples, essa métrica indica o “preço” pago pela empresa para financiar certos recursos. Ao considerar o ROIC em relação ao WACC, podemos saber se a empresa está aplicando bem o capital de terceiros.
Normalmente, o ROIC precisa ser 2 pontos percentuais maior do que o WACC. Esse é o mínimo para poder dizer que a empresa usa o capital de terceiros de maneira segura. Se o WACC for maior que o ROIC, é sinal de má gestão do endividamento do negócio.
Apesar de parecer, o ROI não tem muito a ver com o ROIC. Se o segundo mostra a capacidade da empresa de gerar lucro com todo o dinheiro à sua disposição, o primeiro foca em investimentos pontuais. A sigla vem de Return on Investment, algo como Retorno Sobre Investimento, em tradução livre.
O que o ROI faz é medir percentualmente qual foi o retorno obtido sobre um investimento pontual. Isso permite entender quais estratégias foram mais bem-sucedidas pela empresa. Por exemplo, suponha que o negócio investiu na renovação das máquinas da sua linha de produção. Ao medir o retorno obtido com esse investimento, podemos saber quão lucrativa foi esse investimento.
Do inglês Return on Assets, essa métrica mede o retorno obtido sobre os ativos de uma empresa. Ou seja: é um recurso importante para entender a capacidade da empresa de valorizar seus ativos. Isso inclui tanto os ativos obtidos via acionistas ou sócios, quanto os bens e direitos de capital de terceiros. Portanto, o ROA é uma mescla entre o ROIC e o ROE e ajuda a contextualizar ambos.
Para calcular cada um desses múltiplos de Análise Fundamentalista, é necessário duas coisas. A primeira é o balanço das empresas que serão analisadas. Todas as companhias na Bolsa de Valores precisam divulgar essas informações trimestralmente. Você pode obtê-las no site da Bolsa de Valores ou no RI (Relações com Investidores) no site das empresas.
De posse dos dados, você precisará das fórmulas dos indicadores. Confira a seguir quais são!
Nesse caso, NOPAT é um conceito contábil que mede o Lucro Operacional da empresa após o pagamento de impostos. Ou seja: basta pegar o Lucro Operacional, retirar os tributos e você obtêm o NOPAT para colocar na fórmula.
Sendo que:
Existem duas maneiras de calcular o ROA. Algumas pessoas preferem usar o Lucro Líquido, enquanto outras preferem o LAJIR (Lucros Antes dos Juros e dos Impostos). A diferença é que um cálculo considera o peso tributário do retorno e outro não. Seguem as fórmulas:
Essa sopa de letrinhas é muito importante para um investidor. Isso porque elas indicam quais são as empresas que devem ou não constar na sua carteira de investimentos.
Afinal, quando trabalhamos com a Análise Fundamentalista, a ideia é encontrar empresas que gerem valor de forma consistente. O objetivo dessa ferramenta, portanto, não é tentar usar padrões de movimentação gráfica para lucrar. O objetivo é identificar as empresas que tenham uma boa gestão, já que essas terão bons resultados no longo prazo. Ou seja: terão uma valorização de ações nesse período.
Por isso, um investidor que queira investir em ações sólidas, precisa acompanhar essas métricas. Afinal, elas indicarão se aquelas empresas contam com fundamentos sólidos para continuar se valorizando ou não.
Fazer uma Análise Fundamentalista de qualidade não é tarefa fácil. É por isso que existem carteiras recomendadas focadas nisso, para facilitar a vida do investidor. No entanto, agora que você já sabe o que é ROE, ROIC, ROA e outros, já terá mais autonomia para suas próprias análises.
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