IPOs: ciclo de ofertas segue aquecido em 2021
Muito se falou esta semana sobre diversos adiamentos de IPOs no mercado brasileiro, que recuaram em seu desejo de abrir seu capital por conta, principalmente, da crise da Covid-19.
Os IPOs são as “Initial Public Offering” – ou Oferta Pública Inicial, em português – e dependem de vários fatores para serem um sucesso. Um deles é a previsão de um cenário menos conturbado, o que neste momento de volatilidade do Brasil, nós definitivamente não temos.
Essa questão de cancelamentos e adiamentos é bastante normal. Isso costuma acontecer com frequência no mercado de capital. Até mesmo no setor de saúde, que experimenta um forte ciclo de crescimento e consolidação, ocorreu algo semelhante: observamos um aumento de ofertas de empresas de saúde, o que acabou dividindo as atenções dos investidores.
Pode ocorrer de uma empresa gigantesca e muito conhecida roubar a cena e atrair recursos que iriam para outra. Neste caso, o melhor cenário para quem está vindo à mercado é adiar e aguardar um momento mais propício para abrir seu capital.
Nossa visão sobre esse movimento não é pessimista: não acredito que as empresas estejam cancelando para sempre o seu tão sonhado IPO.
Uma vez que a decisão de se abrir o capital na bolsa é custosa e amplamente discutida anteriormente, tratam-se, em grande maioria, de pausas. Uma espera por uma janela mais favorável.
A volatilidade que vivemos no Brasil e no mundo aumenta a instabilidade e acaba impactando nesse processo, mas isso já é algo conhecido do mercado.
E tudo isso mostra, também, a enorme quantidade de empresas potenciais para se juntar à Bolsa: no Brasil, se comparado a outros países, temos poucas companhias listadas.
Acertar o melhor momento de entrada faz parte da estratégia para maximizar o retorno que será obtido. É como um game: de um lado, as empresas querem maximizar seus ganhos, enquanto do outro o investidor faz seu papel de barganha, querendo sempre um preço mais em conta.
Muito desse jogo depende da história da empresa, seus propósitos, o que traz de inovação para o mercado e os seus objetivos. Na outra ponta, estão os investidores escutando essas propostas com papel e caneta em mãos, anotando tudo e fazendo as contas. Se valer a pena e fizer sentido, com certeza demonstrarão interesse.
Está muito claro que se os juros mudarem de patamar de forma estrutural, subindo para patamares de dois dígitos – como já tivemos no passado -, começamos a ter um custo de oportunidade muito alto, com um enxugamento de liquidez na Bolsa. Isso dificulta os IPOs.
No nosso caso, com a alta de juros de 2% para 2,75%, ainda estamos em um patamar historicamente baixo, que não pode ser considerado suficiente para enxugar o apelo que a Bolsa tem neste momento.
Temos a visão de que esse ano ainda vai ser forte para os IPOs. Os adiamentos e cancelamentos continuarão ocorrendo, bem como foi no passado, em diversas situações.
Mas, mesmo com a volatilidade da economia, acreditamos que temos um ambiente muito propício para os negócios no Brasil, e que, assim como os adiamentos, ainda vamos ter mais empresas buscando abrir o seu capital na bolsa brasileira ao longo de 2021.
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Pedro Serra