Muito se falou esta semana sobre diversos adiamentos de IPOs no mercado brasileiro, que recuaram em seu desejo de abrir seu capital por conta, principalmente, da crise da Covid-19.
Os IPOs são as “Initial Public Offering” – ou Oferta Pública Inicial, em português – e dependem de vários fatores para serem um sucesso. Um deles é a previsão de um cenário menos conturbado, o que neste momento de volatilidade do Brasil, nós definitivamente não temos.
Essa questão de cancelamentos e adiamentos é bastante normal. Isso costuma acontecer com frequência no mercado de capital. Até mesmo no setor de saúde, que experimenta um forte ciclo de crescimento e consolidação, ocorreu algo semelhante: observamos um aumento de ofertas de empresas de saúde, o que acabou dividindo as atenções dos investidores.
Pode ocorrer de uma empresa gigantesca e muito conhecida roubar a cena e atrair recursos que iriam para outra. Neste caso, o melhor cenário para quem está vindo à mercado é adiar e aguardar um momento mais propício para abrir seu capital.
Nossa visão sobre esse movimento não é pessimista: não acredito que as empresas estejam cancelando para sempre o seu tão sonhado IPO.
Uma vez que a decisão de se abrir o capital na bolsa é custosa e amplamente discutida anteriormente, tratam-se, em grande maioria, de pausas. Uma espera por uma janela mais favorável.
A volatilidade que vivemos no Brasil e no mundo aumenta a instabilidade e acaba impactando nesse processo, mas isso já é algo conhecido do mercado.
E tudo isso mostra, também, a enorme quantidade de empresas potenciais para se juntar à Bolsa: no Brasil, se comparado a outros países, temos poucas companhias listadas.
Acertar o melhor momento de entrada faz parte da estratégia para maximizar o retorno que será obtido. É como um game: de um lado, as empresas querem maximizar seus ganhos, enquanto do outro o investidor faz seu papel de barganha, querendo sempre um preço mais em conta.
Muito desse jogo depende da história da empresa, seus propósitos, o que traz de inovação para o mercado e os seus objetivos. Na outra ponta, estão os investidores escutando essas propostas com papel e caneta em mãos, anotando tudo e fazendo as contas. Se valer a pena e fizer sentido, com certeza demonstrarão interesse.
Está muito claro que se os juros mudarem de patamar de forma estrutural, subindo para patamares de dois dígitos – como já tivemos no passado -, começamos a ter um custo de oportunidade muito alto, com um enxugamento de liquidez na Bolsa. Isso dificulta os IPOs.
No nosso caso, com a alta de juros de 2% para 2,75%, ainda estamos em um patamar historicamente baixo, que não pode ser considerado suficiente para enxugar o apelo que a Bolsa tem neste momento.
Temos a visão de que esse ano ainda vai ser forte para os IPOs. Os adiamentos e cancelamentos continuarão ocorrendo, bem como foi no passado, em diversas situações.
Mas, mesmo com a volatilidade da economia, acreditamos que temos um ambiente muito propício para os negócios no Brasil, e que, assim como os adiamentos, ainda vamos ter mais empresas buscando abrir o seu capital na bolsa brasileira ao longo de 2021.