Ofertas e IPOs: uma análise do recorde de 2020 e perspectivas para 2021
Como todos nós já sabemos, o ano de 2020 ficará marcado na história, principalmente pela pandemia. Porém outros grandes feitos foram registrados no ano, como o recorde de 120 mil pontos do Ibovespa, o recorde de CPFs na B3 e, também, o recorde de ofertas e IPOs. A nossa expectativa, é que esses três últimos sejam superados em 2021.
O caminho até chegar até aqui
Antes de falar sobre o ano que se inicia, vamos analisar um pouco os IPOs realizados até aqui. Foram 27 ofertas de ações, sem considerar Suzano e Petrobras. Ao todo essas ofertas movimentaram mais de R$ 43 bilhões e, dessas, aproximadamente 40% foram parar no caixa das empresas que, em tese, devem se transformar em Capex (investimentos).
Será que investir nessas ofertas foi um bom negócio? Bom, para os investidores mais oportunistas, considerando a performance de 30 dias subsequentes de cada oferta, das 25 que possuem mais de 30 dias, 15 tiveram uma performance positiva contra 10 com performance negativa.
Se considerarmos então, os que entraram nas ofertas e estão posicionados até agora, 17 das 27 ofertas estão no positivo e 10 no negativo. Aqui, nessa comparação, chama a atenção as construtoras que só uma, a Cury, está no positivo.
Olhando assim, de forma mais simplista, tivemos um resultado razoável. Entretanto, vale ressaltar, que tivemos 20 desistências e adiamentos, ou seja, do total de ofertas que solicitaram registro na CVM, 42,5% não saíram.
Outro dado importante é que, das 27 ofertas que vieram, 17 (ou 62,9%) foram precificadas abaixo ou no mínimo da faixa indicativa. Isso mostra que, nem tudo que vem à mercado é bem recebido pelos investidores ou que o preço oferecido, nem sempre é aceito pelos ofertantes.
Esse número de desistências e redução do preço de oferta, embora significativo, na minha visão é saudável para os investidores, pois aumenta a sua margem de segurança. Talvez, se todas conseguissem emplacar suas ofertas no preço desejado, provavelmente a rentabilidade dos investidores não teria sido a mesma.
Outra questão interessante de se observar é que, aos poucos, a nossa Bolsa vai ganhando empresas de novos setores e se modernizando, com a chegada, ainda tímida, de empresas de tecnologia, como Locaweb, Meliuz e Ejoei.com. Porém, ainda estamos muito distantes da transformação observada na China e nos EUA, onde as maiores empresas de suas bolsas eram da “velha economia”, como petróleo, bancos, siderurgia etc., e hoje as maiores são as de tecnologia, como a Amazon, Apple, Alibaba, Tencent, Facebook, Google etc. Nosso principal índice de referência, o Ibovespa, ainda possui mais de 40% do seu peso teórico em Petro, Vale e Bancos. Isso também é um reflexo da nossa economia, que não é tão moderna.
Então, vale a pena investir em IPO?
Essa é uma pergunta muito comum. Olhando a performance das ofertas de 2020, até poderíamos dizer que sim, mas a conta não é simples desse jeito.
Existem muitos riscos envolvidos em um IPO. As empresas que já são listadas na Bolsa, de um modo geral, já possuem os seus riscos. Quando falamos de IPOs, o investidor não tem o mesmo nível de informação, comparado com as listadas, não há um histórico longo dessas empresas e há pouco tempo para analisar e tomar a decisão.
Para quem não é institucional, a minha dica é que, no mínimo, busque entender o que a empresa faz, qual é a natureza do seu negócio. Tente achar empresas já listadas que possuem características semelhantes para usá-las como comparação e, não menos importante, tente entender a motivação da empresa de abrir o seu capital na bolsa, se ela está fazendo isso para financiar o seu crescimento ou, simplesmente, aproveitando a liquidez do mercado (arbitrando). Essa última dica, não é fácil de realizar, pois mesmo as empresas que estão buscando aproveitar a liquidez do mercado, informam no seu prospecto, de forma “bonita”, o uso dos recursos que serão levantados na oferta. Então, busque na internet o máximo de informações possíveis sobre o passado da empresa, dos seus gestores e dos seus donos.
Expectativas para o ano de 2021
Para o ano que começou, temos a expectativa de bater os recordes de 2020. Hoje, por exemplo, há mais de 40 empresas em análise na CVM para vir à mercado. Entendemos que boa parte dessas empresas, e de outras que possam solicitar a análise da CVM, vai conseguir emplacar a sua abertura de capital. Isso porque os principais ingredientes que fomentam esse mercado deverão estar presentes nesse ano, como:
- liquidez elevada;
- baixa taxa de juros
- e retomada da atividade econômica.
Cabe ressaltar que, assim como em 2020, também teremos muitas desistências e adiamentos. Embora a estranheza, os investidores que estão chegando agora, devem entender que isso faz parte do jogo, é normal.
Portanto, teremos um ano de muitas oportunidades e, tomando os devidos cuidados, tem tudo para ser um ano de bons negócios novamente. Até a próxima análise!
Aproveite para assistir o vídeo que gravei para o canal da Ativa no Youtube sobre IPOs:
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Pedro Serra