Todo operador frequente, seja em day trade, swing trade ou position, já se deparou com um fato que muitas vezes é engraçado. Ele identifica uma excelente oportunidade, se prepara inteiramente para entrar na operação e, em questão de segundos ou até mesmo por uma ordem pulada, o ativo dispara.
De primeira, a situação é irritante. Porém, quando paramos para pensar, nesse caso pelo menos acertamos a análise e devemos continuar assim para apurar lucros futuramente numa próxima oportunidade, que com certeza virá.
Antes de entrar no assunto proposto neste artigo, deve ser lembrado que o controle emocional é vital para o seu sucesso nas operações. Caso você não tenha aproveitado a oportunidade que você mesmo identificou, pode acabar entrando em uma parte sombria da sua mente, aquela que diz que você não é capaz, e que o mercado existe apenas para pregar peças em cima de você.
Trazer essa mentalidade vai forçar seu subconsciente a entrar em operações ruins só para confirmar a parte consciente do seu cérebro que diz que o mercado está lá para zombar de você. Abandone esta ideia e vamos ao que me proponho mostrar aqui. Identificar uma oportunidade, dependendo dela, pode desencadear uma série de várias outras.
Para seguir adiante, precisamos entender o conceito de correlação. Por definição, correlação é a associação entre duas variáveis ou a relação entre elas. Em outras palavras, a movimentação de uma variável gera uma (possível) movimentação na outra.
No mercado financeiro, não existe uma correlação perfeita, apenas a probabilidade. Por exemplo, quando temos os índices das bolsas mundiais subindo, muito provavelmente nosso índice Ibovespa subirá também – a menos que ocorra um evento especial e exclusivo ao Brasil. Ainda assim, a probabilidade é a favor da alta. Por isso, consultamos as bolsas internacionais para termos um parâmetro do que pode acontecer aqui. Sendo assim, podemos dizer que a bolsa brasileira tem uma correlação positiva (se movem na mesma direção) com as bolsas mundiais.
Um tipo de correlação que não é segredo para quase ninguém no mundo de day trade é entre o índice futuro e o dólar futuro. No geral, quando o índice sobe, o dólar cai (lembre-se que é apenas uma probabilidade). Com frequência, quando vemos um movimento explosivo no índice, esse mesmo movimento pode ocorrer na direção contrária do dólar. Entendeu onde quero chegar, certo? Se você acabar perdendo uma compra no dólar que gerou um movimento fortíssimo, observe o índice imediatamente para ver se não está dando sinal também para o outro lado.
O grande problema é que muitos traders param por aí. A correlação está presente praticamente em todos os ativos do mercado financeiro e deve estar sempre como plano B no seu plano de trade. Até mesmo como plano A – mas vai te exigir muita paciência. Quando abrimos o leque e utilizamos ações para o day trade, entramos em um mundo de correlação.
Com frequência, identificamos um ativo que está graficamente bonito mas que está com um stop muito caro ou andou demais. Uma alternativa viável é observar o setor aonde aquele ativo está atrelado e entender se esse é um movimento do mercado como um todo ou exclusivo daquele ativo. Por exemplo, JBSS3 pode estar subindo bem, formando pontos de compra para alvos que não muito atrativos. Desta forma, cabe a análise em MRFG3, BEEF3 e BRFS3 para ver se existe alguma semelhança no movimento. Imagina só se você identificar que MRFG3 e BRFS3 fizeram o movimento (além da JBSS3) e que BEEF3 está começando a armar o mesmo? Pode ser uma excelente oportunidade.
Outro exemplo está no setor varejista mais ligado ao e-commerce, como MGLU3, VVAR3, LAME4 e BTOW3. Com frequência, fazem movimentos semelhantes e podem proporcionar trades interessantes através da correlação positiva. Com isso, sugiro que você busque deixar pronto em sua plataforma de trading a separação entre setores, pode acelerar muito a análise intrassetorial possibilitando trades desse tipo com qualidade.
Para finalizar, lembre-se que o psicológico deve estar alinhado, o gerenciamento de risco deve estar afiado e toda a estrutura comentada aqui é probabilística, não trazendo certeza de movimentos repetidos em ativos diferentes. Até o próximo artigo!