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Taxa Selic: Entenda o que acontece após a reunião do Copom

Por: Étore Sanchez
25/03/2021
2 min

Taxa Selic: Entenda o que acontece após a reunião do Copom

Há tempos não exploramos o tema perspectivas sobre a Selic na coluna Palavra do Especialista, sendo esse nosso objetivo hoje.

Com o avanço da inflação e do câmbio, os anseios pela elevação do juro se ampliaram com o mercado precificando para janeiro de 2022 a taxa básica da economia à 6,9% (15:56 – 25/03/21).

De antemão já afirmamos que em nossos modelos consideramos o câmbio como agente indireto da condução de juros. Ou seja, para que uma elevação cambial implique em uma elevação de juros as expectativas de inflação para o horizonte relevante precisam ser elevadas. Em hipótese alguma trabalhamos com o juro sendo elevado para simplesmente aplacar o câmbio, como uma diretriz de política monetária.

No dia 17 de março o Banco Central surpreendeu o mercado ao elevar a Selic em 75bps, sinalizando por mais uma elevação da mesma magnitude na reunião de maio e ainda apresentando um comunicado bem hawk com relação a conjuntura econômica.

A decisão surpreendeu à nós que esperávamos elevação de apenas 25bps e até mesmo o mercado com expectativa um pouco maior 50bps.

A autoridade se mostrou incomodada com o avanço das expectativas de inflação, tanto de mercado quanto suas próprias projeções condicionais, que para 2021 subiram de 3,6% para 5,0%, com as perspectivas para 2022 subindo de apenas 3,4% para 3,5%.

Interessante notar que o BC está elevando os juros de maneira célere a despeito da forte previsão de administrados para 2021, (de +9,5%). Ou seja, com a projeção de 5,0% de headline e 9,5%, os preços livres ficam em apenas em 3,5%, e essa projeção ainda deverá descontar as expectativas sobre alimentos, que superam essa taxa. Em outras palavras, os serviços deverão ceder para acomodar o choque de commodities.

O avanço de 75bps é uma declaração de que está behind the curve, ainda mais com o compromisso de outra elevação de 75bps. Apesar disso, na press conference do Relatório Trimestral de Inflação, o Presidente do BC, Roberto Campos Neto, negou que tenha sido uma declaração de que a autoridade está behind.

Dentre os aspectos duros do comunicado e da ata destacamos um trecho interessante: “Na avaliação do Comitê, uma estratégia de ajuste mais célere do grau de estímulo tem como benefício reduzir a probabilidade de não cumprimento da meta para a inflação deste ano, assim como manter a ancoragem das expectativas para horizontes mais longos. Além disso, o amplo conjunto de informações disponíveis para o Copom sugere que essa estratégia é compatível com o cumprimento da meta em 2022, mesmo em um cenário de aumento temporário do isolamento social.”

Esse trecho eleva o peso de 2021, que não fará mais parte do horizonte na reunião de maio, e dá um downplay no recrudescimento da pandemia, e o aumento do isolamento social. Ou seja, mesmo se a pandemia piorar, o BC irá elevar o juros.

Além disso, em outro trecho BC afirma que o desempenho da economia no 4º trimestre indicou “recuperação consistente da economia, a despeito da redução dos programas de recomposição de renda”.

A surpresa na decisão e o tom duro da comunicação fez com que elevássemos nosso call de Selic para o final de 2021, de 3,50% para 4,50%. Para tal, contemplamos em nosso cenário mais uma elevação de 75 bps, em maio, seguido de outras duas elevações de 50bps.

Vale pontuar que nossa projeção de IPCA que era de 3,2% para 2022 cairá para 3,0%, bem como a projeção de PIB desse ano que cederá de 2,9% para 2,7% e de 2022 de 2,4% para 2,3%.

Conte sempre com a Ativa.

Étore Sanchez