Juros simples e compostos: entenda o que é e como obter maior retorno!
Se você tem estudado sobre investimentos, especialmente os de renda fixa, provavelmente já deve ter ouvido termos como juros simples e compostos. A diferença entre eles, no entanto, nem sempre fica clara.
Os juros são a remuneração do investidor ao colocar seu dinheiro em aplicações de renda fixa, que podem ser prefixadas ou pós-fixadas. No primeiro caso, sabemos a porcentagem exata de juros que serão pagos em determinado período. Já no segundo, o valor acompanhará algum indexador econômico — falaremos mais sobre isso no fim do artigo.
A diferença no cálculo de rendimento é da aplicação. No caso dos juros, existem outros dois tipos: os simples e os compostos. Saber como escolher entre eles pode ser o que separa uma rentabilidade enorme de uma pequena. Se você quer investir, siga a leitura do artigo até o fim!
Índice
- Qual a influência dos juros nos investimentos?
- Quais as principais diferenças dos juros simples e compostos?
- Como calcular os juros simples e compostos?
- O que é e como funciona a regra dos 72?
- Por que entender as diferenças entre os juros simples e compostos?
- Como utilizar os juros compostos para investir melhor?
Qual a influência dos juros nos investimentos?
Todos os produtos de investimentos geralmente são avaliados por três itens fundamentais: a rentabilidade, a liquidez e o risco. De grosso modo, podemos definir a liquidez como a velocidade com que um recurso aplicado em um produto de investimento pode ser sacado e utilizado em moeda corrente. Já o risco, representa o potencial de perda do capital aportado.
Esse risco potencial precisa ser diluído por ações como a diversificação dos ativos de uma carteira e também pela adequação da composição da carteira conforme o perfil do investidor.
Apesar desses dois itens serem muito importantes para a tomada de decisões, todos sabemos que o que “enche os olhos” dos investidores é o ganho potencial que um ativo pode proporcionar. Portanto, a rentabilidade de um investimento é a sua característica mais marcante e também a que possui o maior peso na avaliação do investidor.
Afinal, é a rentabilidade que dita qual o potencial de retorno descrevendo a velocidade de crescimento do capital. Sendo assim, cabe ao investidor iniciante ou não, dedicar tempo ao estudo da remuneração do ativo de interesse, para então decidir se ele se adequa ao seu perfil de risco e aos seus objetivos.
Agora que entendemos a importância da avaliação da remuneração de um ativo para a tomada de decisões de investimentos, fica muito mais fácil compreender a influência dos juros simples e compostos nesse tipo de escolha, já que são eles, “os juros” responsáveis pela rentabilidade de um ativo.
Os juros nada mais são do que a remuneração do capital, ou seja, o valor pago “a mais” como compensação pelo tempo de permanência na aplicação. Existem dois tipos de juros, os juros simples e os juros compostos, e a diferença entre eles é basicamente a forma como são calculados.
Os juros simples tomam como base de cálculo apenas o capital inicial, independentemente do tempo em que uma transação ou investimento é realizado. Dessa forma, a taxa de juros acordada incidirá apenas no valor inicial aportado na operação. Os juros compostos, no entanto, tem um mecanismo de cálculo diferente que o torna o mais desejado pelos investidores.
Nessa modalidade, o valor inicial que servirá como base de cálculo sempre vai considerar os juros acrescidos anteriormente. Dito de outra maneira, a taxa de juros da operação vai incidir sempre sobre o somatório do capital inicial mais os juros anteriores.
É aqui que “a mágica acontece” para os investidores, uma vez que o montante será sempre maior que o valor inicial aplicado, fazendo com que o dinheiro cresça de maneira mais rápida por causa do efeito “bola de neve”.
Nos próximos tópicos, você vai aprender mais sobre os detalhes de cada modalidade e como calcular de maneira correta, conforme alguns exemplos. Por hora, o que importa reforçar é que a influência dos juros sobre os investimentos está justamente na atratividade que a remuneração dos “juros sobre juros” representa ao investidor.
Quais as principais diferenças dos juros simples e compostos?
A diferença entre juros simples e compostos está na sua incidência sobre determinado investimento. Na prática, os simples são considerados apenas em cima do valor inicial da aplicação, enquanto os compostos incidem sobre juros previamente calculados.
O crescimento do retorno de um investimento com juros simples é linear. Ele sempre renderá determinado montante por ano, crescendo de forma estável. Já a rentabilidade dos juros compostos é exponencial, ou seja, quanto mais tempo passa, maior ela é.
Vamos ver um exemplo que deixa bem clara a diferença entre os dois tipos de juros para você aprender a gerir seus investimentos da melhor maneira possível e não perder oportunidades. Suponha que você empreste R$6.000,00 para um familiar. Ele promete pagar tudo de volta em 3 anos, com juros simples de 10% ao ano calculados com base no valor total da dívida.
Isso significa que, a cada ano, ele faria um depósito de R$2.600,00 para você (R$2.000 da parcela do empréstimo e R$600,00 de juros simples). No fim dos 3 anos, você teria R$7.800,00, com um lucro de R$1.800,00. Em termos de rentabilidade, os juros simples garantiram um crescimento estável.
- Ano 1: R$600,00;
- Ano 2: R$600,00;
- Ano 3: R$600,00.
Você “aplicou” R$6.000,00 com um familiar e recebeu 10% de juros simples ao ano, sem problemas. Fácil, não é mesmo?
Agora, suponha que um amigo tenha pegado esses R$6.000,00 e investido em um título do Tesouro Direto que, no nosso exemplo, renda 10% ao ano, com vencimento em 3 anos. Nesse caso, o Tesouro Direto tem juros compostos, o que faz com que a rentabilidade seja calculada com base em juros anteriores.
- Ano 1: rendimento de R$600,00 (10% de R$6.000,00);
- Ano 2: rendimento de R$660,00 (10% de R$6.600,00);
- Ano 3: rendimento de R$726,00 (10% de R$7.260,00).
No fim do período, o seu amigo recebeu do Tesouro Direto R$7.986,00. O rendimento foi de R$1.986,00. Essa é a diferença entre juros simples e compostos. Apenas para deixar claro, o seu amigo poderia ter lucrado muito mais se o acordo durasse mais tempo. Continue a leitura e veja como isso aconteceria!
Como calcular os juros simples e compostos?
Até o momento, já vimos a diferença entre juros simples e compostos. Como calcular o rendimento deles, no entanto, é outra conversa. Para isso, é necessário saber um pouco de matemática ou usar uma planilha no Excel.
Os dois tipos de juros contam com fórmulas diferentes. Para calculá-los, basta inserir os valores nelas e fazer as contas. Para começar, vejamos a fórmula dos juros simples:
- J = C × i × t;
Na fórmula, as letras significam o seguinte:
- J = juros simples;
- C = capital investido;
- i = taxa de juros;
- t = tempo de aplicação.
Voltemos ao exemplo do empréstimo para ver como podemos aplicar a fórmula para calcular o ganho com juros simples. Naquele caso, tínhamos R$6.000,00 de capital investido, com juros de 10% ao ano e duração de 3 anos, ou seja:
- J = 6.000 x 0,10 x 3;
- J = 1.800.
Resultado: lucrou-se R$1.800,00 com essa aplicação, fora os R$ 6.000,00 que foram recebidos de volta, totalizando R$7.800,00. A fórmula dos juros compostos é parecida, mas com uma diferença crucial: ela é exponencial. No caso, é a seguinte:
- M = C × (1 + i) t;
Nesse caso, as letras significam o seguinte:
- M = montante recebido;
- C = capital aplicado;
- i = taxa de juros;
- t = tempo de aplicação;
- 1 = elemento matemático necessário para que a fórmula entregue o valor dos juros já aplicado ao capital investido. Sem ele, não conseguiríamos calcular a exponencialidade dos juros compostos.
Vejamos a aplicação prática da fórmula. Para isso, vamos voltar ao exemplo: R$6.000,00 investidos no Tesouro Direto com vencimento em 3 anos e rendimento de 10% ao ano. Ficaria assim:
- M = 6.000 x (1 + 0,10) 3;
- M = 6.000 x 1,331;
- M = 7.986.
Resultado: o seu amigo recebeu R$7.986,00, dos quais R$ 6.000,00 são do capital inicial e R$1.986,00 de lucro. Na prática, o investimento com juros compostos gerou ganho quase 11% maior.
No entanto, como os juros compostos geram ganhos cada vez maiores, o rendimento poderia ter sido mais polpudo se a aplicação durasse mais tempo. Veja a seguir a comparação entre juros simples e compostos se investíssemos R$ 6.000,00 com 10% ao ano em ambos.
- 5 anos: R$3.000,00 de rendimento nos juros simples e R$3.663,06 nos compostos;
- 10 anos: lucro de R$6.000,00 nos juros simples e R$9.562,45 nos compostos;
- 15 anos: R$9.000,00 de ganhos nos juros simples e R$19.063,49 nos compostos.
O que é e como funciona a regra dos 72?
A regra dos 72 é um cálculo desenvolvido para ajudar os investidores em suas aplicações. Esse processo permite entender em quanto tempo o valor investido pode dobrar com rendimentos a partir das taxas de juros simples e compostos. Por isso, esse método se tornou um instrumento que favorece a aproximação dos valores reais em relação ao cálculo.
Com a regra dos 72, é possível ter uma visão clara sobre a incidência das taxas de juros compostos em determinadas aplicações, estimando o tempo necessário para que o investidor consiga os rendimentos esperados. Esse método funciona por meio de um cálculo logarítmico, dividindo o número 72 pelo valor da taxa de juros da aplicação.
Dessa forma, estipular o tempo necessário para que o valor inicial do investimento se multiplique por dois de acordo com as taxas. Por isso, caso os juros da aplicação sejam anuais, os resultados demorarão alguns anos para serem alcançados. O mesmo vale para taxas mensais, onde o investidor terá um período menor para conseguir duplicar seus investimentos.
Por ser um cálculo que considera um período específico para trazer retorno, ele tende a ser mais utilizado em investimentos de renda fixa. Dessa forma, é possível ter mais visibilidade sobre os rendimentos. Vale lembrar que a regra dos 72 não se aplica a novos aportes, considerando apenas a aplicação inicial.
Por que entender as diferenças entre os juros simples e compostos?
Você sabia que as taxas de juros podem ser benéficas para o seu investimento? Exatamente por esse motivo, é crucial entender as diferenças entre os juros simples e compostos. Dessa forma, o investidor pode contar com uma bola de neve positiva em suas aplicações, aumentando os rendimentos.
Ao investir em uma ação, você de certa forma está emprestando dinheiro. Por isso, a incidência de juros compostos ocorre em benefício do investidor, e não o contrário. Por serem atualizados diariamente, essa taxa tende a aumentar os rendimentos no longo prazo, fazendo com que o dinheiro trabalhe para você.
Vamos a um exemplo sobre como os juros compostos podem beneficiar seus investimentos. Imagine que você tenha um aporte de R$ 50.000,00 aplicados com o vencimento em um prazo de 12 meses e com taxa de juros de 1% ao mês. Nesse cenário, você se organizou para aplicar R$ 1.000,00 todos os meses.
Dessa forma, ao final do prazo inicial, você terá um total de R$ 69.023,70 acumulado. Aqui, temos os R$ 50.000,00 iniciais somados aos R$ 1.000,00 aplicados mensalmente totalizando R$ 62.000,00. Isso significa que, ao final do seu investimento, você ganhou mais de R$ 7 mil sem nenhum esforço adicional.
Em investimentos de longo prazo, os lucros podem ser ainda maiores. Por isso, para conseguir utilizar os juros compostos ao seu favor, você deve planejar seus objetivos para o futuro para alcançar rendimentos ainda melhores. A diversificação também pode ser uma excelente alternativa para otimizar a sua carteira.
Dessa forma, você consegue diluir os riscos e amortecer as quedas. Mesmo com um perfil de investimento conservador, essa prática é essencial para evitar prejuízos; Assim, além de proteger a sua carteira, é possível aumentar ainda mais a sua remuneração no longo prazo.
Como utilizar os juros compostos para investir melhor?
Deu para ver que, entre rendimentos calculados com juros simples e compostos, o ideal é optar pela segunda opção, afinal, o ganho é consideravelmente maior.
Dessa forma, você receberá mais dinheiro conforme o tempo passar. Esse é, aliás, o segredo para investir com os juros compostos: quanto mais tempo passar, maiores serão os ganhos. Por isso, as aplicações com esse tipo de juros são as mais indicadas para o longo prazo.
Se você quer investir em aplicações com juros compostos, saiba que elas são a maioria no mercado atualmente. Listamos a seguir algumas para você:
- Tesouro Direto;
- CDB;
- LCI;
- LCA;
- CRA;
- CRI.
Todas elas podem ser prefixadas — quando conhecemos exatamente a taxa de juros do seu rendimento (por exemplo, 10% ao ano) — ou pós-fixadas — quando a rentabilidade está atrelada a um indexador econômico.
Um CDB, por exemplo, pode estar atrelado à variação do CDI, que é uma taxa de juros que regula os empréstimos entre bancos, ou ao IPCA, que é o indicador da inflação no país.
Até aqui, conseguimos compreender a influência dos juros sobre as decisões de investimento. Afinal, são eles que dão sentido a todo processo de geração de renda, poupança e abdicação do consumo, em prol de maiores retornos futuros.
Aprender sobre as diferenças entre os dois tipos de juros é o caminho básico para qualquer investidor que deseja evoluir em sua atividade e alcançar resultados melhores ou mais expressivos.
Portanto, neste artigo conseguimos entender mais sobre a diferença entre juros simples e compostos. Apenas com a compreensão exata sobre esses conceitos você estará apto para gerir melhor os riscos dos investimentos e passar a lucrar mais com a sua carteira (conjunto de ativos).
No entanto, é preciso lembrar que caso o investidor encontre alguma dificuldade para calcular os juros e projetar os seus retornos, o melhor a se fazer é buscar pela ajuda de um especialista, pois eles possuem a formação e a experiência necessária para este fim.
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